SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ana Corina Sosa, filha mais velha de María Corina Machado, representou a mãe na cerimônia do Nobel da Paz nesta quarta-feira (10) em Oslo, na Noruega. Ela assumiu o papel de porta-voz da líder opositora da Venezuela, que não chegou a tempo de participar da entrega, e destacou os esforços feitos pela laureada para que o país comandado pelo ditador Nicolás Maduro seja livre, em suas palavras.
Também defensora da democracia venezuelana, Corina Sosa, 34, vive em Nova York e, assim como os irmãos, cresceu sob a sombra da perseguição política que marcou a trajetória da mãe. Ainda jovem, viu a família se dispersar: um irmão saiu para os Estados Unidos, e outro foi para a Colômbia. Depois, quando a repressão sobre a oposição se intensificou, ela mesmo decidiu estabelecer a vida fora de Caracas.
Corina Sosa é formada em engenharia industrial pela Universidade de Michigan e tem MBA em Harvard. Atualmente, trabalha em uma empresa de processamento de dados. Nos últimos meses, passou a fazer campanha pelo reconhecimento da vitória da oposição na eleição de 2024, em que Maduro foi declarado vencedor a despeito de acusações de fraude feitas inclusive por observadores internacionais.
A distância da mãe, hoje obrigada a atuar na clandestinidade, tornou-se uma constante. Não significou, contudo, o afastamento de Corina Sosa da política. Nos últimos anos, ela se tornou uma representante informal da mãe em espaços internacionais, sobretudo depois de María Corina enfrentar restrições de viagem impostas pelo regime venezuelano.
Ao receber o prêmio nesta quarta, Corina Sosa disse que sua mãe chegará na cidade ainda nesta quarta e comentou a relação que elas mantêm à distância. "Em poucas horas, poderemos abraçá-la aqui em Oslo após 16 meses vivendo escondida. Enquanto aguardo esse momento, [...] penso nas outras filhas e filhos que não poderão ver suas mães hoje. É isso o que a impulsiona. Ela quer viver em uma Venezuela livre e nunca desistirá desse propósito", afirmou.
"É por isso que todos nós sabemos ?e eu sei? que ela voltará muito em breve à Venezuela."
Em seguida, ela leu um discurso escrito pela mãe. "Minha geração nasceu em uma democracia vibrante e a tomamos como certa. Valorizamos nossos direitos, mas esquecemos nossos deveres", dizia o texto.
Em declarações antes da cerimônia, Ana Corina comentou o peso da responsabilidade de representar a mãe. "Seria muito triste e injusto se eu tivesse de subir ao palco para receber o prêmio por ela", afirmou em entrevista ao jornal espanhol El Mundo. Ainda assim, disse aceitar representá-la em nome da causa democrática que ambas defendem.
O paradeiro de María Corina é desconhecido ?ela não é vista em público desde janeiro. Dezenas de venezuelanos no exílio viajaram para a capital norueguesa para possivelmente acompanhá-la nesta semana.
No palco da cerimônia desta quarta, uma cadeira ficou simbolicamente vazia para representar a ausência da líder opositora venezuelana. Ao lado, foi colocado um quadro com uma foto de María Corina.