SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Instituto Nobel Norueguês divulgou o áudio de uma ligação telefônica da líder da oposição da Venezuela María Corina Machado com o presidente do comitê do Nobel da Paz, Jorgen Watne Frydnes. Na chamada, ela diz que está a caminho de Oslo.
O conteúdo da gravação teria sido registrado momentos antes de María Corina embarcar nesta quarta-feira (10). A laureada deste ano não conseguiu comparecer a tempo da cerimônia, sendo representada pela sua filha, Ana Corina, mas deverá chegar à cidade nas próximas horas.
A sua presença foi motivo de especulação nas últimas semanas, já que María Corina não é vista em público desde janeiro e o regime de Nicolás Maduro impôs uma proibição de viagem a ela.
"Assim que eu chegar, poderei abraçar toda a minha família e meus filhos, que não vejo há dois anos, e tantos venezuelanos e noruegueses que compartilham nossa luta", diz a opositora no trecho divulgado.
"Estamos tão felizes em poder ouvir a sua voz e saber que você está em segurança. Isso significa o mundo para nós", afirma Frydnes no começo da chamada. María Corina diz que irá contar pessoalmente tudo o que ela teve que passar para que pudesse viajar à capital norueguesa, citando o apoio de pessoas que "arriscaram suas vidas".
"Eu preciso voar literalmente agora. Eu preciso entrar no avião", afirma ainda. No trecho divulgado, ela também agradece pelo prêmio e diz ter ficado triste por não ter chegado a tempo da cerimônia, mas garante que estará na cidade em breve. "Estou a caminho de Oslo agora mesmo."
A entrega do prêmio ocorreu no prédio da prefeitura de Oslo com a presença do rei Harald, da rainha Sonja e de quatro presidentes latino-americanos: Javier Milei (Argentina), Daniel Noboa (Equador), José Raúl Mulino (Panamá) e Santiago Peña Palacios (Paraguai).
Edmundo González, que hoje vive na Espanha, a mãe de María Corina, Corina Perez de Machado, e a neta de Martin Luther King Jr, Yolanda Renee King, também estavam entre os presentes.
No palco, uma cadeira ficou simbolicamente vazia para representar a ausência da venezuelana. Ao lado, foi colocado um quadro com uma foto de María Corina.
Ela escreveu um discurso que foi lido pela sua filha, Ana Corina Sosa Machado. No texto, María Corina lembrou a história do país, disse que sua geração "nasceu em uma democracia vibrante e a tomou como certa" e que a Venezuela voltará a respirar.
A entrega do prêmio ocorre em meio a uma pressão militar dos Estados Unidos na América Latina vista como uma tentativa de derrubar o regime de Maduro. Ao receber o anúncio da premiação, em outubro, María Corina dedicou parte do reconhecimento a Donald Trump.