SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A democrata Eileen Higgins quebrou o jejum de quase 30 anos do Partido Democrata na Prefeitura de Miami nesta terça-feira (9) ao derrotar Emilio T. González, candidato apoiado pelo presidente Donald Trump, na corrida pela liderança do reduto republicano nos Estados Unidos.

A emissora CNN e a agência de notícias Associated Press declararam a vitória de Higgins menos de uma hora após o fechamento das urnas. Após liderar confortavelmente o primeiro turno, no começo de novembro, a política de 61 anos recebeu quase 60% dos votos nesta terça, segundo a imprensa local.

Apesar da vitória por uma diferença de dois dígitos, a participação nas eleições foi baixa, com o comparecimento de apenas 20% dos eleitores registrados. O número, no entanto, não tira a carga simbólica da votação na cidade de 487 mil habitantes.

Normalmente uma disputa local que atrai pouca atenção no resto do país, a corrida para prefeito de Miami este ano virou um teste do sentimento dos eleitores no quintal político de Trump ?com uma importante população latina, a cidade teve a política dominada por republicanos de ascendência cubana durante grande parte das últimas três décadas.

Trump, que costuma passar os fins de semana em Mar-a-Lago, seu resort de luxo localizado a pouco mais de 100 quilômetros de Miami, conquistou os votos do colégio eleitoral da Flórida em 2016, 2020 e 2024.

"Juntos, viramos a página de anos de caos e corrupção e abrimos a porta a uma nova era para nossa cidade, um período definido por uma liderança ética e responsável que oferece resultados reais para as pessoas", disse Higgins em um comunicado.

Além de ser a primeira democrata a vencer a disputa desde 1997, quando Xavier Suarez, pai do atual prefeito republicano, Francis Suarez, foi eleito pela última vez, Higgins é também a primeira mulher a ser eleita para comandar a cidade em seus 129 anos de história.

A vitória se soma a uma sequência de triunfos eleitorais dos democratas no último mês ?recentemente, o partido venceu as disputas para os governos da Virgínia e de Nova Jersey, além da prefeitura de Nova York. A série de campanhas bem-sucedidas dos democratas é interpretada por analistas como uma rejeição ao retorno de Trump à Casa Branca no início do ano.

Os bons ventos para o partido também diminuem as perspectivas dos republicanos de manter o monopólio sobre o Congresso nas eleições de meio de mandato que ocorrerão ao longo de 2026.

Os resultados sugerem que a força republicana enfraqueceu na região, onde muitos eleitores hispânicos historicamente progressistas migraram para o campo de Trump no ano passado, acompanhando uma tendência nacional que o ajudou a acumular 55% do voto total do condado na corrida presidencial de 2024.

No primeiro turno da disputa para prefeito de Miami, em 4 de novembro, Higgins obteve 36% dos votos e terminou de longe em primeiro lugar, mas aquém da maioria necessária para vencer direto. Gonzalez ficou em segundo lugar, com 18%.

Isso preparou o cenário para o segundo turno de terça. Nem Higgins nem Gonzalez, um ex-administrador da cidade de 68 anos e coronel aposentado do Exército dos EUA, começaram fazendo uma campanha abertamente partidária.

Mas o confronto deles ganhou tons nacionais após os triunfos dos democratas. No dia 17 de janeiro, Trump endossou publicamente Gonzalez na sua rede social, a Truth Social, com suas usuais letras maiúsculas: "SAIAM E VOTEM EM EMILIO ?ELE NUNCA OS DECEPCIONARÁ!"

O Comitê Nacional Democrata respondeu lançando seu apoio a Higgins, assim como vários democratas proeminentes, incluindo o Secretário de Transportes dos EUA, Pete Buttigieg.