SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quinta-feira (11) que a captura do navio petroleiro que saía de um porto venezuelano pelos Estados Unidos na quarta (10) foi um "ato de pirataria naval criminosa". Maduro disse ainda que os tripulantes do cargueiro foram sequestrados pelo governo Donald Trump.

"Sequestraram os tripulantes, roubaram o barco e inauguraram uma nova era, a era da pirataria naval criminosa no Caribe", disse o ditador durante comício em Caracas. "Ontem, a máscara [de Trump] caiu. Os supremacistas que estão governando os Estados Unidos querem uma guerra na Amércia do Sul."

Maduro disse ainda que deve contestar a captura do petroleiro em instâncias internacionais. "A Venezuela vai garantir que todos os navios possam realizar o livre comércio de seu petróleo ao mundo."

Autoridades americanas ouvidas pela agência de notícias Reuters dizem que as Forças Armadas dos EUA já estão monitorando uma série de outros petroleiros que estão em águas venezuelanas e que podem ser alvo de captura assim que deixarem o espaço territorial do país.

Se a medida se repetir, a consequência pode ser a asfixia da economia venezuelana. O país possui as maiores reservas de petróleo do mundo e tem uma economia dependente de exportações dessa commodity. A captura do petroleiro na quarta foi a primeira interferência direta de Washington nesta que é a principal fonte de arrecadação do regime de Nicolás Maduro -exportações de petróleo da Venezuela têm a China como principal destino.

Na quinta, a Casa Branca disse que o navio cargueiro será levado a um porto americano, e o petróleo da Venezuela que ele carrega será confiscado. De acordo com a secretária de Imprensa, Karoline Leavitt, Washington se apropriará da carga do navio "por meio de um processo legal". Ela acrescentou que a embarcação foi alvo de um mandado de apreensão emitido pelo Departamento de Justiça dos EUA.

A secretária de Justiça dos EUA, Pam Bondi, disse na quarta que a captura foi conduzida pelo FBI (a polícia federal americana), e pelos Departamento de Segurança Interna e de Defesa com o objetivo de tomar um navio "usado para transportar petróleo sancionado da Venezuela e do Irã" que seria usado para "financiar organizações terroristas".

Segundo relatos da imprensa americana, o navio capturado é o petroleiro Skipper, barco de bandeira da Guiana que seria acusado pelos EUA de participar de comércio com o Irã. Com cerca de 330 metros de comprimento e 60 de largura, o Skipper entra na categoria VLCC (Cargueiro de Petróleo Cru Muito Grande, na sigla em inglês), tipo de navio capaz de transportar até 2 milhões de barris de petróleo -carga que pode valer entre US$ 120 milhões (R$ 650 mi) e US$ 160 milhões (R$ 865 mi).

Tambén nesta quinta, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, criticou a operação americana. "Espero que os EUA, embora se considerem no direito de realizar ações assim, possam explicar, como gesto de respeito à comunidade internacional, que fatos balizaram sua decisão", afirmou o chanceler, lembrando que, apesar de sanções, a empresa americana Chevron atua na Venezuela, com anuência de Washington.

Mais tarde, a chanceler da Colômbia afirmou que não descarta dar asilo a Maduro se ele concordar em deixar o poder. O presidente Gustavo Petro já havia pedido uma transição democrática em Caracas. A chanceler Rosa Villavicencio disse que "se essa saída [de Maduro] implicar que ele deve viver em outro país ou pedir proteção, então a Colômbia não teria porque lhe dizer não".