PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) - Os ministros da Defesa do Japão e dos Estados Unidos conversaram por telefone nesta quinta-feira (11) após exercícios militares da China em regiões próximas a ilhas japonesas. O chefe da pasta, Shinjiro Koizumi, e sua contraparte americana, Pete Hegseth, trocaram "opiniões francas" sobre a situação regional, segundo Tóquio.

Um dos pontos principais da discussão foi a acusação do Japão de que aeronaves chinesas iluminaram com radar jatos japoneses, um gesto considerado hostil na política internacional, pois é a ação imediatamente anterior a um possível disparo.

Durante o telefonema, Koizumi afirmou que o Japão seguirá com atividades de vigilância e monitoramento territorial e marítimo, e os dois lados expressaram preocupação com atos que podem aumentar a tensão regional, uma vez que concordam que as ações de Pequim não contribuem para a paz e a estabilidade.

Ficou acertado também um encontro presencial entre os ministros, quando o lado japonês visitar Washington no ano que vem.

Em nota, o Ministério da Defesa dos EUA afirmou que a conversa girou em torno dos esforços de Tóquio para aumentar os gastos em defesa, das atividades militares da China na região e da importância de treinamentos realistas conduzidos pelo Japão. Também reafirmou a importância da aliança entre os países para dissuadir agressões na Ásia-Pacífico.

Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (12), Koizumi declarou que a conversa englobou "a rápida deterioração da situação de segurança na região" e durou cerca de 40 minutos.

O ministro reiterou que, no dia do incidente com o radar, a China não enviou comunicação formal prévia -como é a praxe- sobre o espaço aéreo onde o treinamento ocorreria.

Para contestar a versão japonesa, Pequim divulgou nesta semana um áudio que afirma ser do momento em que ocorreu uma comunicação por meio de um navio chinês a uma embarcação japonesa, segundo a imprensa estatal chinesa.

A pasta da Defesa de Tóquio afirmou que faltaram informações vitais, como a escala do treinamento, o horário e a localização, o que impediu o Japão de garantir plenamente a segurança de seus integrantes.

"A essência do problema neste caso é que, enquanto tomávamos as contramedidas apropriadas contra a violação do espaço aéreo, a China realizou iluminação intermitente por radar durante aproximadamente 30 minutos. Este é claramente um ato perigoso que ultrapassa o necessário para a segurança do voo de aeronaves", disse Koizumi.

Além da conversa com Hegseth, o ministro japonês afirmou que tratou do assunto com o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto, e com o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Mark Rutte.

Após o incidente com o radar, a China voltou a realizar exercícios militares próximos ao país vizinho. No mais recente, que envolveu onze aeronaves russas e chinesas, entre elas parte com capacidade nuclear, os aviões sobrevoaram áreas no sul do Japão, entre as ilhas de Okinawa e Miyako.

A ação gerou resposta dos governos do Japão e da Coreia do Sul, que enviaram caças para interceptar a patrulha, que realizou um voo de longa distância.

Em uma publicação no X, Koizumi afirmou que a manobra tinha como objetivo demonstrar força por parte de Pequim.

"Os repetidos voos conjuntos de bombardeiros dos dois países significam uma expansão e intensificação de suas atividades ao redor do Japão e são uma clara demonstração contra o nosso país, o que representa uma séria preocupação para a nossa segurança nacional", escreveu.

A ação gerou resposta dos governos do Japão e da Coreia do Sul, que enviaram caças para interceptar a patrulha, que realizou um voo de longa distância.

A tensão entre os países, que se intensificou nos últimos dias, teve como epicentro a fala da primeira-ministra Sanae Takaichi. Ao responder a um parlamentar da oposição sobre em que situações acionaria as Forças de Autodefesa, ela citou como exemplo um possível bloqueio naval chinês envolvendo o uso de navios de guerra na região de Taiwan. Na avaliação da governante, um cenário desse tipo poderia exigir que Tóquio agisse para defender os EUA, seu principal aliado de segurança.