SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, afirmou nesta sexta-feira (12) que a transição na Venezuela "está a caminho". A vencedora do Prêmio Nobel da Paz desafiou uma ordem de Nicolás Maduro que a impedia de sair do país latino-americano e viajou para a Noruega, na primeira aparição pública desde janeiro.
Ela havia planejado chegar à capital norueguesa para a cerimônia de entrega da láurea na quarta-feira (10), mas precisou ser representada pela filha Ana Corina Sosa Machado devido a atrasos na viagem.
Desde então, a opositora de 58 anos tem mantido uma agenda cheia de encontros e de entrevistas. Nessas ocasiões, ela tem dado declarações em apoio à ação militar dos Estados Unidos na América Latina e afirmando que a ditadura chavista estaria a ponto de ruir.
"A transição está chegando e estamos focados em uma transição ordenada e pacífica", voltou a dizer nesta sexta em uma conversa com jornalistas. María Corina frisou que Maduro deixará o poder, haja ou não uma transição negociada.
Segundo pessoas próximas à opositora, ela deverá diminuir o ritmo de compromissos e descansar em Oslo nos dias seguintes. No dia anterior, na quinta (11), a venezuelana contou que recebeu ajuda do governo de Donald Trump para sair de seu esconderijo no país latino-americano e viajar até o continente europeu.
Ela, que mantém proximidade com setores alinhados ao presidente americano, repetiu nesta sexta que "está muito claro que a crise venezuelana é uma prioridade para a segurança dos Estados Unidos". E disse também que temeu por sua vida na operação para sair do seu país.
"Houve momentos em que senti que minha vida corria um risco real, e também foi um momento muito espiritual porque, no fim, simplesmente senti que estava nas mãos de Deus."
As declarações ocorrem em meio a uma escalada na ofensiva militar de Trump perto da Venezuela ?na quarta (10), as Forças Armadas americanas capturaram um petroleiro em águas próximas à costa do país latino-americano.
Um dia depois, nesta quinta (11), o Departamento do Tesouro americano impôs sanções contra três sobrinhos de Maduro e outros seis cargueiros que exportam petróleo da Venezuela. Os navios sancionados estão registrados com bandeiras das Ilhas Marshall e do Reino Unido.
A medida levanta a possibilidade de que mais cargueiros possam ser capturados pelos EUA.
Se a medida se repetir, a consequência pode ser a asfixia da economia venezuelana. O país possui as maiores reservas de petróleo do mundo e tem uma economia dependente de exportações dessa commodity. A captura do petroleiro na quarta foi a primeira interferência direta de Washington nesta que é a principal fonte de arrecadação do regime de Nicolás Maduro ?exportações de petróleo da Venezuela têm a China como principal destino.
Segundo relatos da imprensa americana, o navio capturado é o petroleiro Skipper, barco de bandeira da Guiana que seria acusado pelos EUA de participar de comércio com o Irã. Com cerca de 330 metros de comprimento e 60 de largura, o Skipper entra na categoria VLCC (Cargueiro de Petróleo Cru Muito Grande, na sigla em inglês), tipo de navio capaz de transportar até 2 milhões de barris de petróleo ?carga que pode valer entre US$ 120 milhões (R$ 650 mi) e US$ 160 milhões (R$ 865 mi).
Ainda na quinta, a chanceler da Colômbia afirmou que não descarta dar asilo a Maduro se ele concordar em deixar o poder. O presidente Gustavo Petro já havia pedido uma transição democrática em Caracas. A chanceler Rosa Villavicencio disse que "se essa saída [de Maduro] implicar que ele deve viver em outro país ou pedir proteção, então a Colômbia não teria porque lhe dizer não".
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