SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Ao menos 12 pessoas morreram e 29 ficaram feridas neste domingo (14) em um ataque a tiros classificado pelas autoridades como incidente terrorista durante uma celebração judaica na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália. Um dos atiradores está entre os mortos e o segundo suspeito foi ferido e está em estado crítico.

O primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Chris Minns, afirma que o ataque foi planejado para atingir a comunidade judaica de Sydney. Hoje foi o primeiro dia da festa religiosa de Hanukkah. Alex Ryvchin, co-diretor executivo do Conselho Executivo da Comunidade Judaica Australiana, disse em entrevista à "Sky News" que seu assessor de imprensa foi ferido no ataque.

Polícia diz que não há mais perigo, mas pede que a população evite a área. Até o momento, não há relatos de outros disparos em Sydney.

Dois policiais estão entre os feridos. Mais de 40 ambulâncias foram mobilizadas para o local da ocorrência, incluindo helicópteros.

Emissoras de televisão Sky e ABC exibiram imagens com pessoas caídas no chão. "Vi pelo menos 10 pessoas no chão e sangue por toda parte", disse Harry Wilson, 30, morador que testemunhou o tiroteio, em entrevista ao "Sydney Morning Herald".

Bondi é considerada uma das praias mais famosas do mundo. O local costuma ficar repleto de moradores e turistas, especialmente nas noites quentes de fim de semana.

Extensa área chegou a ser isolada para perícia e investigações estão em curso. Policiais do Comando da Área Policial dos Subúrbios Leste compareceram ao local, com o auxílio de diversas outras equipes da cidade. As equipes encontraram itens considerados suspeitos nas proximidades que estão sendo examinados por policiais especializado.

Serviços de emergência foram acionados para Campbell Parade às 18h45 (domingo, 14 de dezembro de 2025). Campbell Parade é a principal avenida que margeia a praia. A emergência foi acionada em resposta a relatos de disparos.

Polícia pede que qualquer pessoa que tenha imagens de celular ou de câmera de dentro dos veículos entre em contato com o Crime Stoppers. A organização é independente, sem fins lucrativos e atua no combate ao crime.

O ataque ocorreu 11 anos depois de um atirador ter feito 18 pessoas reféns no Lindt Cafe, em Sydney. Dois reféns e o atirador foram mortos após um impasse de 16 horas.

Vídeo e artefatos explosivos

Vídeo gravado por uma testemunha mostra dois homens armados. Nas imagens, eles aparecem vestindo camisas pretas e disparando tiros de uma ponte em um estacionamento na praia. Nas imagens, é possível perceber sirenes e gritos.

Polícia informou que encontrou artefatos explosivos improvisados. Os fragmentos foram encontrados em um carro na Campbell e removidos por especialistas do esquadrão antibombas.

Artefatos foram removidos do local em um carro blindado. Segundo a polícia, eles estavam localizados perto de uma ponte de onde os atiradores disparavam.

A área não está mais isolada, segundo a polícia. Agora, os investigadores trabalham no local. A polícia informou ainda que divulgará uma atualização amanhã pela manhã.

'Chocante', diz primeiro-ministro australiano

Primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese classificou o incidente como "chocante e angustiante". "Meus pensamentos estão com todas as pessoas afetadas", escreveu o político em sua conta no X.

Presidente israelense Isaac Herzog disse que judeus que foram acender a primeira vela do feriado de Hanukkah foram atacados por "terroristas vis". A Austrália tem sofrido uma série de ataques antissemitas contra sinagogas, prédios e carros desde o início da guerra de Israel em Gaza, em outubro de 2023.

País está entre os países com maior população judaica fora de Israel e dos Estados Unidos. Estima-se que vivam no país entre 110 mil a 120 mil judeus.

O ministro das Relações Exteriores de Israel disse estar consternado com o tiroteio. "Estes são os resultados da onda antissemita nas ruas da Austrália nos últimos dois anos, com os apelos antissemitas e incitantes de 'Globalizar a Intifada' que se concretizaram hoje", escreveu Gideon Saar em uma rede social. "O governo australiano, que recebeu inúmeros sinais de alerta, precisa cair em si.".

Líder do Partido Liberal, da oposição australiana também condenou o ataque. "Hoje, nós, australianos, nos unimos contra o ódio neste momento de profunda tragédia e choque", disse em rede social. "A população da Austrália está em um luto profundo com a odiosa violência que atingiu o coração de uma icônica comunidade australiana, em Bondi", afirmou.

Secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o "ataque hediondo e mortal" contra famílias judias. "Meu coração está com a comunidade judaica mundial neste primeiro dia de Hanukkah, uma festa que celebra o milagre da paz e da luz vencendo as trevas", escreveu nas redes sociais.