SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Duas bandeiras do Estado Islâmico foram encontradas no carro dos dois suspeitos de ataques a tiros na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália, que deixou ao menos 16 mortos.

Um das bandeiras estava no capô do veículo do pai e filho, identificados como Sajid Akram, 50, e Navved Akram, 24. A informação foi dada por autoridades, sob condição de anonimato, à emissora australiana ABC News.

Naveed já havia sido investigado por terrorismo. Há seis anos, a ASIO, agência de inteligência interna da Austrália, suspeitou dos laços estreitos do jovem com uma célula terrorista do Estado Islâmico sediada em Sydney.

A investigação teve início depois que a polícia descobriu um plano terrorista em 2019, que foi frustrado. Naveed ficou sendo acompanhado pelos investigadores por um período de seis meses, mas avaliaram que ele não representava uma "ameaça contínua", sendo informações da mídia local.

Além da inspeção no carro, a polícia faz buscas na casa dos criminosos. Os agentes tinham feito inspecionado o entorno na noite de ontem e hoje fazem uma operação na residência da família, onde a mãe de Naveed estaria.

O ataque a tiros ocorreu durante uma celebração judaica. O primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Chris Minns, afirma que o crime foi planejado para atingir a comunidade de judeus de Sydney.

Vídeo gravado por uma testemunha mostra dois homens armados. Nas imagens, eles aparecem vestindo camisas pretas e disparando tiros de uma ponte em um estacionamento na praia. Nas imagens, é possível perceber sirenes e gritos.

Ao menos 16 pessoas morreram e 40 ficaram feridas. O pai foi baleado e morto ainda no local pela polícia, enquanto o filho está em estado crítico no local. Mais de 40 ambulâncias foram mobilizadas para a ocorrência e dois policiais estão entre os feridos.

Polícia informou que encontrou ainda artefatos explosivos improvisados. Os fragmentos foram encontrados em um carro na Campbell e removidos por especialistas do esquadrão antibombas.

'CHOCANTE', DIZ PRIMEIRO-MINISTRO AUSTRALIANO

Primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese classificou o incidente como "chocante e angustiante". "Meus pensamentos estão com todas as pessoas afetadas", escreveu o político em sua conta no X.

Presidente israelense Isaac Herzog disse que judeus que foram acender a primeira vela do feriado de Hanukkah foram atacados por "terroristas vis". A Austrália tem sofrido uma série de ataques antissemitas contra sinagogas, prédios e carros desde o início da guerra de Israel em Gaza, em outubro de 2023.

País está entre os países com maior população judaica fora de Israel e dos Estados Unidos. Estima-se que vivam no país entre 110 mil e 120 mil judeus.

O ministro das Relações Exteriores de Israel disse estar consternado com o tiroteio. "Estes são os resultados da onda antissemita nas ruas da Austrália nos últimos dois anos, com os apelos antissemitas e incitantes de 'Globalizar a Intifada' que se concretizaram hoje", escreveu Gideon Saar em uma rede social. "O governo australiano, que recebeu inúmeros sinais de alerta, precisa cair em si."

Líder do Partido Liberal, da oposição australiana também condenou o ataque. "Hoje, nós, australianos, nos unimos contra o ódio neste momento de profunda tragédia e choque", disse em rede social. "A população da Austrália está em um luto profundo com a odiosa violência que atingiu o coração de uma icônica comunidade australiana, em Bondi", afirmou.

Secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o "ataque hediondo e mortal" contra famílias judias. "Meu coração está com a comunidade judaica mundial neste primeiro dia de Hanukkah, uma festa que celebra o milagre da paz e da luz vencendo as trevas", escreveu nas redes sociais.

O presidente do Senado brasileiro, Davi Alcolumbre, manifestou "profunda tristeza e indignação". Declarou que trata-se de "um ato cruel, movido pelo ódio e pelo antissemitismo". "Atinge não apenas a comunidade judaica da Austrália, mas fere valores fundamentais como a vida, a liberdade religiosa e a convivência pacífica", disse. "Na condição de judeu, sinto de forma ainda mais profunda a dor deste momento e expresso minha solidariedade às famílias das vítimas, aos feridos e à comunidade judaica da Austrália e do mundo inteiro."

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