SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em meio ao aumento da pressão dos Estados Unidos sobre Caracas, o ditador Nicolás Maduro pediu, em inglês, "No War, Yes Peace" (não à guerra, sim à paz) durante um evento na capital da Venezuela nesta terça-feira (16). Ele também usava um boné vermelho com a frase estampada.
O líder chavista apresentou uma versão em rock do jingle, que vem sendo reproduzido em comícios nos últimos meses, desde que a tensão com o governo de Donald Trump aumentou.
Maduro afirmou que a música representa o seu desejo pela paz e disse que o seu boné carrega uma "mensagem central" e que a peça de roupa será "conhecida nacional e internacionalmente". O líder chavista tem dançado ao som de diferentes remixes da canção e falado frases em inglês para pedir que os EUA não iniciem uma guerra, em cenas que beiram o cômico diante do contexto de tensão.
O regime divulgou nesta quarta (17), em seus canais de transmissão, um vídeo com imagens do novo comício e momento anterioes. "'No War, Yes Peace', a música que segue marcando a tendência mundial", diz a mensagem enviada.
Na terça, Trump ampliou a pressão econômica sob o regime e impôs um bloqueio total de petroleiros sob sanção dos EUA ao redor da Venezuela. O regime de Maduro reagiu, classificando a ação dos EUA como "irracional" e "ameaça grotesca" em um comunicado divulgado.
Na prática, a medida deve impedir a entrada ou saída de águas venezuelanas de quase todos os cargueiros de petróleo não ligados à americana Chevron. Apesar de sanções americanas contra o setor petrolífero venezuelano, a empresa opera no país latino-americano com anuência de Washington ?medida adotada pelo governo Joe Biden com o objetivo de reduzir o preço de gasolina nos EUA e mantida pelo governo Trump.
No último dia 11, o governo Trump capturou no mar do Caribe o petroleiro "Skipper", cargueiro de bandeira da Guiana que saía de um porto venezuelano carregado de petróleo, sob acusação de que o navio fazia comércio com o Irã, país sob sanção dos EUA. Desde então, as exportações de petróleo da Venezuela despencaram, e navios com pelo menos 11 milhões de barris estão parados na costa do país latino-americano.
A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo, e as exportações da commodity são cruciais para a economia do país e a sobrevivência do regime ?sem elas, a ditadura pode viver uma grave crise de arrecadação.
Em sua campanha militar contra embarcações, Washington acusa Caracas, sem apresentar provas, de envolvimento no transporte de drogas em direção a território americano. A ofensiva já matou quase cem pessoas em águas do Caribe e do Pacífico. Além disso, o governo Trump deslocou de 12 mil a 16 mil soldados para a região, além de caças, navios de guerra e o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford.