SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, deixou Oslo, capital da Noruega, segundo informou seu partido nesta quarta-feira (17). A equipe da laureada com o Prêmio Nobel da Paz não divulgou o novo destino, e o seu paradeiro é desconhecido.
"Ela está bem e, nestes dias, está realizando consultas médicas com um especialista, visando a sua pronta e total recuperação", diz o comunicado, em referência à vértebra que ela quebrou em sua fuga da Venezuela.
Questionada, a equipe de María Corina afirmou que ela precisa descansar e que nenhuma informação adicional será divulgada neste momento.
A operação para retirá-la do país latino-americano teve ajuda dos Estados Unidos e incluiu, além do uso de um disfarce com peruca, uma viagem de barco em mar revolto que durou de 13 a 14 horas. María Corina viajou ao país europeu para receber o Nobel, mas teve de ser representada pela filha Ana Corina Sosa Machado na cerimônia devido a atrasos no percurso.
Até então, ela estava na clandestinidade e havia sido vista em público pela última vez em janeiro, durante ato nas ruas de Caracas.
Nos dias seguintes à entrega do prêmio, a opositora de 58 anos manteve uma agenda cheia de encontros e de entrevistas. Nessas ocasiões, ela deu declarações em apoio à ação militar dos Estados Unidos na América Latina e afirmou que a ditadura chavista estaria a ponto de ruir.
"A transição está chegando e estamos focados em uma transição ordenada e pacífica", disse ela na semana passada durante uma conversa com jornalistas. María Corina frisou que Maduro deixará o poder, haja ou não uma transição negociada.
Em paralelo, a pressão de Donald Trump sobre Caracas tem se intensificado.
Na terça (16), o presidente americano impôs um bloqueio total de petroleiros sob sanção dos EUA ao redor da Venezuela. O regime de Maduro reagiu, classificando a ação dos EUA como "irracional" e "ameaça grotesca" em um comunicado divulgado.
Na prática, a medida deve impedir a entrada ou saída de águas venezuelanas de quase todos os cargueiros de petróleo não ligados à americana Chevron. A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo, e as exportações da commodity são cruciais para a economia do país e a sobrevivência do regime -sem elas, a ditadura pode viver uma grave crise de arrecadação.
Washington acusa Caracas, sem apresentar provas, de envolvimento no transporte de drogas em direção a território americano. A ofensiva já matou quase cem pessoas em águas do Caribe e do Pacífico. Além disso, o governo Trump deslocou de 12 mil a 16 mil soldados para a região, além de caças, navios de guerra e o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald Ford.