SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Departamento de Justiça de Donald Trump começou nesta sexta-feira (19) a divulgação dos arquivos do caso do abusador sexual Jeffrey Epstein, após meses de cobranças da base republicana e trocas de acusações entre congressistas democratas e o presidente americano.
Depois de vaivéns políticos, Trump cedeu à pressão da base do Partido Republicano e, há um mês, sancionou o projeto de lei que liberou os arquivos da investigação sobre o suposto esquema de tráfico sexual operado por Epstein. O prazo para a divulgação era de 30 dias, completados nesta sexta. Ainda não está claro onde os arquivos serão disponibilizados.
O secretário-adjunto do Departamento de Justiça, Todd Blanche, disse mais cedo à emissora Fox News que o departamento divulgaria centenas de milhares de documentos, mas não todo o conjunto de arquivos. Na prática, o órgão foi obrigado a divulgar todos os arquivos até esta sexta.
"Espero que divulguemos mais documentos nas próximas semanas, então hoje algumas centenas de milhares e, nas próximas semanas, mais algumas centenas de milhares", disse Blanche. "Há muita gente de olho nisso e queremos garantir que, ao divulgarmos o material, estejamos protegendo todas as vítimas."
Ao assinar a lei que obriga o Departamento de Justiça a divulgar os documentos não confidenciais, Trump repetiu as acusações de que o caso tem ligação com os democratas, não com os republicanos, e que seus opositores estariam usando "a questão Epstein" para "tentar desviar" do que ele chamou de suas "INCRÍVEIS vitórias". "Esta última farsa se voltará contra os democratas, assim como todas as outras!", escreveu Trump há um mês.
A legislação aprovada, que liberou os arquivos nesta sexta, explicita que nenhuma parte do material deve ter sua divulgação impedida em razão de "constrangimento, dano à reputação ou sensibilidade política".
Por outro lado, no parágrafo em que a lei lista as razões pela qual parte dos documentos pode ser tarjada, há um item possibilitando a censura temporária de material que possa "comprometer uma investigação federal ativa ou processo judicial em andamento".
Além de Trump, outras figuras conhecidas da política americana são citadas nos papéis -como o ex-presidente Bill Clinton, contra quem Trump ordenou a abertura de uma investigação com base no caso, além de outros nomes ligados ao partido, caso do ex-reitor de Harvard e ex-secretário do Tesouro Larry Summers.
Após sancionar a lei, o republicano voltou a atacar Clinton e outros democratas. "Epstein, que foi indiciado pelo Departamento de Justiça de Trump em 2019 (e não pelos democratas!), era um democrata de longa data, doou milhares de dólares para políticos democratas e tinha fortes ligações com muitas figuras conhecidas do partido, como Bill Clinton (que viajou em seu avião 26 vezes), Larry Summers (que acabou de renunciar a vários conselhos, incluindo o de Harvard), [...] e muitos outros", escreveu.
A relação de Epstein com Trump causou questionamentos e críticas ao presidente, que nega qualquer envolvimento em esquemas sexuais. A expectativa da base republicana, que cobrou a divulgação, é de que os documentos podem ajudar a responder perguntas ainda sem resposta -como, por exemplo, se o atual presidente sabia dos abusos e até mesmo se teria participado deles, como alguns dos emails que já vieram à tona dão a entender.