FOZ DO IGUAÇU, PR (FOLHAPRESS) - Por divergências sobre a crise na Venezuela, a cúpula do Mercosul terminou neste sábado (20), em Foz do Iguaçu (PR), sem uma declaração final dos líderes do bloco e dos Estados associados ?documento em que são discutidos temas geopolíticos da região. O tema colocou em lados opostos os governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do argentino Javier Milei.

A falta de acordo para publicar um documento final deixa evidente um racha no Mercosul sobre o tema geopolítico mais delicado hoje na América do Sul: a ofensiva americana contra o regime de Nicolás Maduro.

Durante a cúpula, Lula foi o primeiro dos líderes sul-americanos a discursar e afirmou que uma intervenção armada na Venezuela seria catastrófica e configuraria um precedente perigoso. Já Milei exaltou a pressão dos americanos sobre o regime de Maduro, classificado por ele como uma ditadura atroz.

As declarações de Lula e de Milei foram feitas dias após Trump determinar o bloqueio de navios petroleiros sob sanção americana próximos da Venezuela.

Como mostrou a Folha, Argentina e Paraguai queriam inserir na declaração de líderes uma referência às violações de direitos humanos e à falta de democracia na Venezuela.

O Brasil, por sua vez, entende que o tipo de linguagem defendida por argentinos e paraguaios não contribui para solucionar a crise na região e defende que é preciso ser cuidadoso para não legitimar uma possível intervenção estrangeira na Venezuela.