PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) - O Exército de Libertação Popular da China (PLA, na sigla em inglês), como são chamadas as Forças Armadas do país, iniciou nesta segunda-feira (29) um exercício militar de grande escala ao redor de Taiwan, como alerta às chamadas forças separatistas da ilha e em resposta ao apoio dos Estados Unidos.

Os exercícios, que ocorreram em cinco áreas ao reador da ilha e levam o codinome "Missão Justiça 2025", são descritos como um "alerta severo" de Pequim aos favoráveis à independência de Taiwan e à interferência externa, além de uma ação legítima e necessária para salvaguardar a soberania e a unidade nacional da China, segundo o porta-voz do Ministério da Defesa, Shi Yi.

Ao contrário de ações mais recentes, que envolviam principalmente rondas ostensivas das forças chinesas ao redor da ilha, os exercícios desta segunda incluíram simulações de ataques a alvos marítimos e terrestres, com disparos de armas militares, além do uso de mísseis e foguetes de longo alcance.

Pelo ar, o Exército empregou caças, drones, aviões-radar, aeronaves de guerra eletrônica e bombardeiros. Pelo mar, foram utilizados destróieres e fragatas. As ações devem continuar na terça-feira (30) e incluir formas de bloqueio dos principais portos da ilha.

O objetivo principal, segundo a mídia estatal do Exército, China Military, é testar a capacidade das tropas de realizar ataques de precisão contra alvos-chave, além de verificar a coordenação entre forças aéreas e navais.

A ação também parece ter a intenção de demonstrar a capacidade da China continental de cercar Taiwan em uma eventual incursão militar voltada à reunificação, em um momento em que Pequim tem elevado o tom de suas reivindicações sobre a ilha.

O regime chinês sustenta que Taiwan, que possui um presidente democraticamente eleito, é parte incontestável de seu território e trata o tema como uma questão doméstica.

A ofensiva ocorre dias após o governo dos EUA aprovar a venda de peças para caças e outras aeronaves destinadas a Taiwan, no valor total de US$ 330 milhões (R$ 1,74 bilhão), configurando a primeira transação do tipo desde que o presidente Donald Trump voltou à Casa Branca, em janeiro.

Na semana passada, como resposta a Washington, a China impôs sanções a 20 empresas dos EUA, incluindo uma subsidiária da Boeing.

Os EUA mantêm laços diplomáticos formais com Pequim, mas também relações não oficiais com Taiwan, sendo o principal fornecedor de armas da ilha.

O principal jornal do país, o veículo estatal China Daily, afirmou em editorial publicado nesta segunda-feira que os exercícios se tratavam de uma resposta à venda de armas, "com características claramente ofensivas", à ilha.

"Tal comportamento não é apenas uma grave violação do princípio de Uma Só China e dos três comunicados conjuntos China-EUA, mas também uma flagrante interferência nos assuntos internos da China e um desafio aberto à soberania e à integridade territorial da China", diz o texto.

O Ministério da Defesa de Taipé condenou as ações de Pequim, classificando-as como "exercício irracional", e declarou que a pasta se preparou imediatamente para o combate, segundo a agência estatal CNA.

A resposta de Taiwan se apoia em um documento emitido por Taipé que afirma que as Forças Armadas do país têm capacidade de responder rapidamente e de forma descentralizada a um eventual ataque chinês, atuando em nível elevado de alerta mesmo em casos em que Pequim anuncia apenas exercícios militares conjuntos.

Uma das principais preocupações do governo da ilha é que a China converta exercícios militares como os desta manhã em operações de guerra.