SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, afirmou nesta terça (30) que o país não pretende escalar as tensões com a China, após Pequim realizar extenso exercício militar em torno da ilha, iniciado na segunda (29).

Em uma publicação nas redes sociais, o líder taiwanês condenou as manobras militares, mas tentou acalmar a situação ao afirmar que o país não vai provocar confrontos e vai agir de forma responsável.

As declarações vieram após as Forças Armadas chinesas conduzirem 10 horas de manobras com fogo real, lançando projéteis nas águas ao norte e ao sul da ilha, que considera parte inalienável de seu território e cuja reunificação trata como questão doméstica. Segundo o Ministério da Defesa de Taiwan, participam dos exercícios 71 aeronaves e 24 embarcações da marinha e da guarda costeira chinesas.

Em comunicado, a pasta afirmou que projéteis caíram em áreas mais próximas à ilha principal do que em exercícios anteriores. A resposta taiwanesa, porém, será feita "com calma e determinação, de acordo com a diretriz presidencial de evitar escalar conflitos e provocar disputas".

Batizadas de "Missão Justiça 2025", as manobras da China que simulam um bloqueio a Taiwan foram as mais amplas desde 2022. Segundo Pequim, os exercícios visam dissuadir interferências externas, em recado também aos Estados Unidos e ao Japão.

A primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, já sugeriu que um ataque hipotético à ilha poderia desencadear uma resposta militar de Tóquio ?declaração que, por sua vez, desdobrou-se em crise diplomática com Pequim.

"Qualquer força externa que tente intervir na questão de Taiwan ou interferir nos assuntos internos da China certamente baterá a cabeça contra as muralhas de ferro do Exército de Libertação do Povo chinês", afirmou o Escritório de Assuntos de Taiwan, órgão de Pequim que se dedica aos assuntos relativos à ilha, em um comunicado divulgado na segunda-feira.

Os exercícios militares continuaram nesta terça, com a China disparando mais foguetes em direção às águas próximas de Taiwan e exibindo novos navios de assalto.

A demonstração militar ocorre dias após o governo dos EUA aprovar a venda de peças para caças e outras aeronaves destinadas a Taiwan no valor total de US$ 330 milhões (R$ 1,74 bilhão), configurando a primeira transação do tipo desde que o presidente Donald Trump voltou à Casa Branca, em janeiro.

O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, disse nesta terça-feira que seu país responderá às vendas de armamentos. "Em resposta às contínuas provocações das forças independentistas de Taiwan e à venda em larga escala de armas americanas para Taiwan, devemos, naturalmente, nos opor firmemente e reagir de forma enérgica", disse o ministro em um discurso.

Seu porta-voz, Lin Jian, classificou os exercícios como "uma medida necessária para defender a soberania nacional e a integridade territorial".

O presidente dos EUA, Donald Trump, minimizou os exercícios, destacando seu bom relacionamento com Xi Jinping, líder do regime chinês, e dizendo que a China realiza manobras navais em torno de Taiwan há 20 anos.

Já a União Europeia afirmou por meio de um porta-voz nesta terça que o exercício militar chinês aumenta a tensão na região. O bloco afirma que tem interesse na preservação do status quo da ilha.

"Somos contra quaisquer ações unilaterais que alterem o status quo, especialmente por meio da força ou coerção", afirmou o porta-voz.