Nome do Colunista André Salles 6/09/2016

"Mindfulness" (I) – mindfulness e psicologia

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Encontramos facilmente, na literatura brasileira e estrangeira, muitas práticas de Mindfulness. Lembramos ao leitor que as práticas de Mindfulness são distintas das aplicações do conhecimento científico de Mindfulness & Psicologia e seus métodos de mensuração. Não faremos nenhum julgamento de valor destes ou entre estes dois objetos do conhecimento. Tratemos de estudá-los e extrair seus benefícios, pois meu interesse esteve e sempre estará no âmbito integral do ser humano que compreende também aquilo que chamam de espírito (ideal), ou seja, "o âmbito da verdade e do verdadeiramente bom para todos (Rudolf Steiner)".

Tomei um giz e um quadro negro. Pedi a um amigo para deslizá-lo de forma aleatória, em toda a dimensão deste quadro, em forma de linha, sem quebras, podendo ou não ser superposta, de forma que eu não perdesse de vista a ponta do giz. Eu permaneci sentado em frente ao quadro e segui a ponta do giz observando o desenho que ele estava fazendo sem emitir qualquer julgamento do que poderia ser ou representar. Simplesmente segui a ponta do giz... Assim obtive uma boa compreensão no campo da “atenção plena”. Comumente dizemos que Mindfulness significa "atenção plena" que envolve habilidades específicas que podem ser desenvolvidas por todos nós dentro do campo da "consciência" ("EU"). Segundo Brown & Ryan (2003), esta consciência "refere-se ao monitoramento de nossas experiências internas (sensações, pensamentos) e do ambiente" que nos cerca.

Esta pequena retirada de meus pensamentos que giram em torno “do meu mundo de crenças e julgamentos”, quando acompanhei a ponta do giz traçada pelo amigo, foi vivenciada por mim como salutar naquele momento. Percebi, por mim mesmo, o que era um pensamento com “critério e propriedade”, livre daquilo que geralmente tomo como bom, ruim, certo ou errado em meu viver. Por hora, esta experiência de acompanhamento do giz que realizei ficou compreendida em minha consciência como sendo o meu conhecimento ou a minha experiência vivenciada, onde eu consegui – poderia não tê-lo - por alguns segundos ou minutos, deixar meus pensamentos e sentimentos suspensos, sem julgamentos de valor, como uma página em branco – sem linhas, sem letras, sem representações mentais ou desejos para que aquilo que ora se apresentava pudesse “falar de si” e não a partir de minhas introjeções ou ideias pré-concebidas, ou seja, minhas crenças.

Por exemplo, pensamentos e sentimentos indesejáveis não estavam presentes naquele exato momento em que eu acompanhava a ponta do giz e a linha que estava em formação. Como esta vivência aumentou minha consciência naquele momento eu a tomei como uma experiência salutar e pude trazer para minha consciência de vigília o fenômeno como ele é. Sem acrescentar nada. Em meu entendimento, o acúmulo de experiências salutares, como esta que acabei de descrever, desenvolve dentro em nós, em nossos pensamentos e desejos, aumento do equilíbrio físico, emocional e mental (bem-estar), nos deixando livres dos automatismos, ao longo do tempo de treinamento. É por isto que considero a frequência e o ritmo deste treinamento algo essencial, a nota chave para nosso desenvolvimento integral. Mindfulness sem treinamento, persistência e determinação não tem força para desenvolver em nós o equilíbrio: Não desista!

Queremos neste inicial sobre Mindfulness deixar registrado ao leitor algumas considerações importantes a respeito deste novo assunto que falamos. No presente momento vejo Mindfulness como uma nova roupagem para aquilo que chamo de "consciência do Eu" livre dos automatismos; não é algo novo. O que há são novas descobertas que estão lançando luz sobre aquela parte em nós a qual ninguém pode se referir senão o próprio ser: "Eu". Não me considero uma autoridade em Mindfulness. Quero somente estudar estas novas descobertas apenas trazer ao meu leitor a ideia do homem integral. Mindfulness é um assunto o qual se liga de forma peculiar à metodologia de pesquisa que adoto em Psicologia no campo científico das observações do ambiente organizacional ou ambiente privado (clínico), ou seja, a Fenomenologia.


André Salles é Bacharel em Psicologia pelo CES de Juiz de fora, Pós-Graduado Latu-Sensu em Psicoterapia Fenomenológico-Existencial pela PUC-MINAS; Mestrado em área de Concentração Filosófica pela UFJF; Educador em disciplinas de Psicologia e Filosofia na Faculdade Sudeste de Minas – FACSUM - 2004/2008; Antroposofia pela Foundation Courses - Sophia Institute – US; Gestão Por Competências pela FGV; Mindfulness para a Prática Clínica (CEDES-BH - em Formação).

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