SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para Branco, 58, é questão de tempo. Muito menos tempo do que se imagina, assegura. O Brasil vai voltar a ter um melhor jogador do mundo eleito pela Fifa.
Ou, nas palavras do coordenador das categorias de base masculinas da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), haverá um novo "número um" do planeta nascido no país. Isso não acontece desde que Kaká ganhou o prêmio, em 2007. Há 15 anos.
"A gente tem um planejamento para a geração 2030. O objetivo é formar bem e com espírito vitorioso. As gerações que vêm aí do futebol brasileiro são espetaculares. O dia a dia me dá confiança [de que o país terá de novo um melhor do mundo]. Os treinos que a gente faz na Granja [Comary], a qualidade individual de cada atleta [dão essa certeza]", define o dirigente, campeão do mundo como lateral em 1994.
Há uma lista elaborada pelo Centro de Pesquisa e Análise das categorias de base da seleção, tem 18 nomes. São as apostas no momento da confederação para os ciclos dos Mundiais de 2026 e 2030. A esperança é que um deles faça a profecia de Branco se realizar, sem contar nomes como Vinicius Junior e Neymar, por exemplo.
A relação tem em sua maioria jogadores ofensivos. Estão nela:
Rodrygo (atacante, Real Madrid-ESP) Martinelli (atacante, Arsenal-ING) Yuri Alberto (atacante, Corinthians) Kaio Jorge (atacante, Juventus-ITA) Reinier (meia, Real Madrid) Lázaro (meia, Flamengo) Marcos Leonardo (atacante, Santos) Matheus Martins (atacante, Fluminense) Patryck (lateral esquerdo, São Paulo) Vinicius Tobias (lateral direito, Real Madrid) Andrey (meia, Vasco) Angelo (atacante, Santos) Vitor Roque (atacante, Athletico) Nathan Ribeiro (atacante, Grêmio) Matheus Gonçalves (meia, Flamengo) Endrick (atacante, Palmeiras) Pedrinho (meia, Corinthians) Luis Guilherme (meia, Palmeiras). Eles são considerados os três nomes principais de cada categoria entre os nascidos de 2001 a 2006. Desse grupo, os mais velhos na Copa de 2026 serão Rodrygo, Martinelli e Yuri Alberto (25). Os mais jovens serão Endrick, Pedrinho e Luis Guilherme (20).
A lista completa montada tem 9.988 jogadores analisados em 2002 partidas acompanhadas pelos observadores da CBF entre janeiro de 2001 e julho de 2022.
Os cinco principais de cada categoria foram classificados como "top" e representam apenas 0,3% do total. Os demais foram colocados como "selecionáveis", "em monitoramento" ou "em observação".
"Começamos a abrir o campo de observação. A gente precisa ter controle geral do mercado porque trabalhamos em todas as seleções. Precisamos ter uma linha de trabalho boa porque o Brasil é um celeiro. A base sempre foi a saída para o futebol brasileiro", diz Branco, referindo-se às equipes sub-15, sub-17, sub-20, olímpica e principal.
O coordenador afirma ter tentado empregar nos últimos anos a ideia de que todas as seleções tenham a mesma filosofia de futebol. Assim, os times não ficam reféns do personalismo de nenhum treinador. O objetivo é que o Brasil tenha sempre um estilo propositivo em campo.
Ter observado atletas de 150 clubes diferentes abriu também o leque de convocados. Ele lembra que o Ceará teve pela primeira vez nomes selecionados para seleções de base. O coordenador se refere ao meia David e ao atacante João Victor, chamados para o sub-17 em 2020.
Branco pega um mapa que está em sua mesa na sede da CBF, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, e mostra um desenho da Europa sinalizado com países, clubes e jogadores. Usa a imagem para mostrar a complexidade atual de observar possíveis convocados.
"Temos tudo monitorado, mas a pandemia prejudicou muito por não podermos viajar. Temos uma ferramenta online para isso, mas in loco é sempre melhor. Você vê como é o atleta, conversa com as pessoas do clube dele, com familiares...", explica.
Ele diz ter confiança de que neste ano a seleção de Tite vai conquistar o título no Qatar, mas a todo momento volta para as categorias de base. Isso porque 2023 será um ano chave. Serão disputados os sul-americanos e mundiais sub-15, sub-17 e sub-20. Este último é quase uma questão de honra. Nas duas últimas Copas do Mundo sub-20 o Brasil nem sequer esteve presente.
Já há também a preocupação com o início do ciclo olímpico, que terá torneio classificatório em 2024.
"Para mim, é a classificação mais complicada que existe. Se você olhar as Eliminatórias para a Copa do Mundo, são quatro vagas e meia para dez seleções. No pré-olímpico, para a mesma quantidade de times, são só duas vagas", lembra.
Ao lembrar com orgulho seu currículo de 38 títulos por uma confederação, dois como jogador e 36 como dirigente ("ninguém tem número igual", afirma), Branco tenta também desmistificar a visão de que os jogadores hoje em dia não dão mais importância para a seleção brasileira como no passado.
"A Granja Comary é a Disney do futebol. O garoto quando entra lá a primeira vez não sabe o que fazer. Dizem que o atleta não se preocupa tanto com a seleção. Não é isso o que vejo. O que vejo é o esforço deles para atender às convocações e defender o Brasil", assegura.
E o prêmio para alguns deles, quem sabe, no futuro, será a eleição de melhor do mundo da Fifa. Que ninguém diga a Branco duvidar disso.
"Tenho certeza de que vai acontecer."
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