SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Um homem de 28 anos foi encontrado morto um dia depois após ser colocado em uma viatura da PM (Polícia Militar), em Goiânia, na quinta-feira (11). A corporação informou que afastou os policiais envolvidos na prisão e morte de Henrique Alves Nogueira, que deixou uma esposa e um filho de 4 anos.

Em vídeo registrado pelas câmeras de segurança do local da abordagem, é possível ver a vítima andando na rua sem mochila e sendo abordado pelos policiais instantes depois. Após alguns minutos, Nogueira é colocado dentro da viatura e levado pelos policiais.

A esposa de Nogueira, que não quis se identificar, protestou contra o que chamou de "execução" do marido, em declaração enviada pelo advogado da família à reportagem.

"Quero Justiça porque o que houve com ele foi uma execução, tá bem claro o que foi. Estou desamparada e tenho um filho de 4 anos. Não sei o que eu faço, tenho medo de acontecer alguma coisa comigo e com meu filho e só quero que a Justiça seja feita. Não foi justo o que aconteceu com ele", ela afirmou.

No Boletim de Ocorrência, os guardas alegaram que havia dois ocupantes na moto no sentido contrário ao deles e que, ao avistarem a viatura policial, tentaram dar meia-volta para evitarem serem abordados. Na tentativa de fugirem, a moto teria derrapado e o garupa caiu. Após isso, os policiais pediram para eles se renderem e essa ordem foi desobedecida, com o suposto motorista atirando contra eles e sendo alvejado logo em seguida, segundo o relato dos agentes.

No entanto, os vídeos do incidente não mostram moto e mochila, e apontam que o rapaz estava sozinho andando pela rua.

A versão dos PMs apresenta também que, após o rapaz ser alvejado, foram encontrados na mochila três barras e meia de substância similar a maconha, 70 papelotes de substância similar a cocaína, 38 papelotes de substância similar a ecstasy, 46 papelotes de substância similar a crack, 2 pedaços de crack, 3 pedaços de cocaína e um rolo de papel filme.

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

André Veloso, delegado da Polícia Civil à frente do caso, disse à reportagem que a versão dos agentes não faz sentido, pois o rapaz não estava com mochila no momento da abordagem. Agora, segundo ele, as diligências estão voltadas para o que ocorreu do momento em que ele foi colocado na viatura ao momento que Nogueira foi encontrado morto.

Alan Araújo, advogado da família da vítima e vice-presidente do plantão da comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-GO (Ordem dos Advogados do Brasil de Goiânia), afirmou que já levou todas as provas para contradizer o que foi apresentado pelos policiais.

Além disso, a defesa também relatou que tomará outras medidas para ajudar a família.

"O segundo passo é cobrar as investigações e o terceiro é entrar com ação indenizatória por serem agentes públicos e pela responsabilidade objetiva do estado", disse ele. "Vamos tentar uma liminar para que o estado dê uma pensão inicial para a mulher poder sustentar o filho."

Araújo também acusou os policiais de "fraude processual".

"A gente percebe que houve homicídio qualificado, fraude processual, associação criminosa, porte ilegal de arma e falso testemunho. São vários crimes. A gente nunca espera isso, pois eu sempre elogiei o trabalho da Polícia Militar e, infelizmente, não esperamos que esse seja o papel do policial militar. Esperamos que as investigações sejam concluídas e os responsáveis sejam punidos".

O advogado explicou que a família está tendo suporte em relação à segurança. "Demos todo o suporte. Estamos indo atrás e cobrando as autoridades para que seja dada segurança e que não haja represália".

A PM também alegou que não "compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e que o caso será apurado com o devido rigor".


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