SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As vacinas disponíveis contra a varíola dos macacos são seguras, mas faltam dados sobre a eficácia dos imunizantes, afirmou Rosamund Lewis, líder técnica da OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta quarta (17).
"Sabíamos desde o princípio que as vacinas não seriam uma bala de prata", disse a especialista em uma coletiva de imprensa organizada pela entidade. Mesmo assim, pesquisas já indicam certa eficácia em barrar a evolução da doença, além da importância de adotar outras medidas de prevenção.
Lewis explicou que ainda não existem estudos clínicos randomizados ?o padrão ouro em pesquisas científicas? sobre a eficácia das vacinas no surto atual. Mesmo assim, eles podem acontecer.
"Vemos que estudos controles randomizados são viáveis e encorajamos os países a fazerem", afirmou.
Mas já existem outras evidências sobre a eficácia dos imunizantes. Segundo Lewis, algumas investigações observacionais relataram a redução da infecção e gravidades em casos onde a vacina é aplicada no esquema de pós-profilaxia. Nesses casos, a vacina é aplicada em uma pessoa que teve contato com alguém infectado a fim de barrar a evolução da doença.
A fala da líder técnica alerta principalmente para o fato de que é recomendável adotar outras ações de prevenção, além da vacinação, no caso de pessoas que se sintam em maior risco de contrair a doença. Uma delas é diminuir o número de parceiros sexuais, já que a maior parte das infecções estão ocorrendo durante as relações sexuais.
Fora do sexo, outras medidas também podem ser tomadas, como evitar aglomerações onde ocorrem contato de pele a pele e isolamento de pessoas suspeitas e com diagnóstico confirmado para a varíola dos macacos.
Lewis também lembrou que, ao tomar a dose, é importante esperar no mínimo duas semanas para o imunizante fazer efeito.
Atualmente, a vacina Jynneos, da farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, é o único imunizante licenciado no mundo para a varíola dos macacos. Ela já foi aprovada para prevenção da doença por importantes agências internacionais, como o FDA (Agência de Drogas e Alimentos dos EUA) e a Comissão Europeia.
Outra possibilidade é a utilização de vacinas que foram desenvolvidas para prevenção da varíola comum. Um desses casos é a ACAM2000, que está sendo adotada contra a varíola dos macacos nos Estados Unidos.
Para o Brasil, são previstas 50 mil doses do imunizante Jynneos. Espera-se que 20 mil delas cheguem em setembro e o resto em outubro.
Vacinas para outras doenças também não demonstraram 100% de eficácia na prevenção. A Covid-19 é um exemplo: os imunizantes disponíveis são eficazes para evitar quadros graves, mas não evitam a infecção do vírus.
Sylvie Brand, diretora da área de preparação global para riscos de infecção, alertou durante a coletiva de imprensa que é importante combater as fake news e acompanhar informações oficiais e seguras, como no caso da vacinação contra a varíola dos macacos.
"Talvez elas possam recusar uma vacina que possa salvar sua vida", exemplificou Brand, citando casos de pessoas que desistem de se imunizar por conta de fake news.
Atualmente, já são mais de 35 mil casos confirmados da varíola dos macacos em 92 países. No Brasil, já foram 3.184 diagnósticos confirmados até esta terça-feira (16), segundo dados do Ministério da Saúde.
Além dos casos, a OMS já registrou 12 mortes por varíola dos macacos em todo o mundo.
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