SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Justiça decretou nesta quarta-feira (24) a prisão temporária dos quatro jovens que estavam no barco com Adolfo Souza Duarte, o Ferrugem, quando o ambientalista desapareceu na represa Billings na noite do dia 1º de agosto, na região do Grajaú, zona sul de São Paulo.

A prisão foi decretada após o laudo produzido pela Polícia Científica apontar contradições nos depoimentos do quarteto. Além disso, o documento apontou que Ferrugem morreu por asfixia.

As informações foram confirmadas por André Nino, advogado dos quatro presos. Eles estão detidos no 101º DP (Jardim das Imbuias), próximo à represa.

"Não tem base para a prisão. Eles estão cooperando", disse Nino. O defensor do quarteto disse que irá esperar a audiência de custódia, que deve ser realizada na quinta-feira (25), para definir os próximos passos.

O corpo do ambientalista foi encontrado na manhã do sábado (6) pelo Corpo de Bombeiros próximo à 1ª balsa na represa. O caso, na ocasião, foi registrado como morte suspeita, ou seja, quando, de início, ainda não é possível determinar a causa do óbito.

Ferrugem havia desaparecido durante um passeio em seu barco pela represa Billings, enquanto conduzia os dois casais pela região. Os jovens relataram em depoimento à polícia que o homem caiu da embarcação após um solavanco.

Duarte era presidente da ONG Meninos da Billings, que atua pela preservação da região, promove projetos sociais e realiza passeios de barco na represa. A embarcação envolvida no caso foi adquirida por um dos sócios de Ferrugem, que atuava no novo barco havia cerca de um mês.

O ambientalista começou a realizar trabalhos sociais e ambientais na região após a morte do filho, Miguel, 9, há 10 anos. O menino foi vítima de um câncer que tinha sido descoberto dois anos antes. Na época, Duarte estava no último ano de história e preparava um trabalho de conclusão do curso exatamente sobre a construção da Billings.

Nascido e criado na região, ele sempre se interessou pela represa, que corta bairros da periferia da zona sul da capital, como o Grajaú, e cidades da região metropolitana, incluindo São Bernardo do Campo e Santo André. Segundo familiares, a atuação na Billings foi a forma que Duarte encontrou para lidar com a morte do filho.

O ambientalista também trabalhava como coordenador de um parque na região da represa Guarapiranga e foi coordenador cultural do CEU Navegantes. Moradores da região disseram à reportagem do jornal Folha de S.Paulo que Duarte realizava mutirões de limpeza na represa e no entorno, além de conseguir cestas básicas para famílias durante a pandemia.


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