SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Conselho da Polícia Civil de São Paulo aprovou nesta quinta-feira (25) nova proposta de demissão do delegado Carlos Alberto da Cunha, 44, o Da Cunha. Desta vez, a punição ocorre por conta de declarações contra integrantes da cúpula da instituição, incluindo o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes.
O processo administrativo será enviado agora para a Secretaria da Segurança e, na sequência, ao governador Rodrigo Garcia (PSDB), que pode exonerá-lo.
Da Cunha está afastado da polícia para concorrer a deputado federal pelo PP. Procurado pela Folha, o delegado não respondeu.
Em março, depois de retornar à polícia após um período de licença, ele afirmou que tinha cometido erros, sem especificar os que havia cometido.
"A polícia está precisando de gente e estou aqui para dar o suor pela polícia. Independente do setor, sabe? As más criações que eu fiz... erraram comigo e eu também errei. Então, elas ficaram para trás. Então, essa história de que eu só trabalho na operação, que eu só sirvo para operação, isso é coisa de estrelinha. Se eu errei assim lá trás, não vou errar mais [sic]", afirmou nas redes sociais na ocasião.
O processo administrativo julgado nesta quinta-feira se refere, de acordo com delegados ouvidos, a ofensas feitas no ano passado, principalmente contra o então delegado-geral. Entre os insultos, ele teria chamado os chefes de "ratos". As reuniões do conselho são sigilosas.
Essa é a segunda proposta demissão aprovada pelo órgão da Polícia Civil contra o delegado que se tornou fenômeno das redes sociais, com mais de 3 milhões de seguidores.
A primeira proposta aprovada pela Polícia Civil ocorreu em maio. O delegado divulgou uma série de vídeos sobre a prisão de um suposto chefe do PCC, apelidado de Jagunço do Savoy, assunto que rendeu mais de 30 milhões de visualizações.
A prisão teria sido criada por Da Cunha para ganhar mais seguidores, segundo os colegas, pois o suspeito apenas teria o mesmo apelido de um dos integrantes da facção.
Não há previsão para que o governador possa analisar as propostas de demissão.
Até o final de semana passado, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública, o processo de maio estava "em análise".
No início deste mês, em entrevista ao canal do Youtube "Diário de Polícia", o deputado estadual Delegado Olim (PP) disse ter falado com Rodrigo Garcia e pedido para segurar a demissão do colega.
"Ele só não foi mandado embora [ainda] porque eu pedi para o governador segurar. Ele [Cunha] vai ganhar para deputado, acho que vai ser um bom deputado, e vai pagar tudo que ele já fez, e viu que não levou a lugar nenhum", disse.
Procurado, o governador Rodrigo Garcia, candidato à reeleição, disse que "não interfere e não se posiciona a respeito do andamento de qualquer apuração feita pela Corregedoria da Polícia Civil. "Inclusive sobre o delegado Carlos Alberto da Cunha. Os procedimentos em andamento pela Corregedoria são de caráter sigiloso, motivo pelo qual detalhes serão preservados."
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