SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Não foi só o número de pessoas morando nas ruas que aumentou durante a pandemia. Em 2020, a quantidade de cães e gatos resgatados subiu 70%, segundo levantamento da Ampara Animal, associação que oferece suporte a protetores de animais. A pesquisa ouviu ao menos 530 abrigos pelo país.

O aumento foi sentido em instituições como a Catland. A ONG paulistana recebe mais de cem pedidos de resgate por dia. São bichos que vêm de ações da polícia ou bombeiros, via redes sociais ou que são deixados na porta do abrigo.

A organização consegue absorver apenas 1% dos pedidos, devido à falta de recursos e de espaço. "Acolhemos os casos mais urgentes", afirma a fundadora da instituição Perla Poltronieri, 48.

A saída para quem não é atendido é indicar abrigos, hospitais ou clínicas que possam acolher o animal. Além da divulgação nas redes para encontrar possíveis tutores. "Usamos o Facebook e o Instagram para conectar protetores de diversos lugares", diz.

Fundada em 2012, a Catland tem 517 voluntários e é mantida por meio de doações. Os pets resgatados passam por cuidados, são vacinados, castrados e, quando estão saudáveis, vão para as redes sociais da organização para encontrar um cuidador. Na Catland estão 300 gatos, divididos entre a sede e lares temporários.

Poltronieri chama a atenção para a dificuldade de adotar gatos mais velhos ou que precisam de cuidados específicos. "Para cada 14 filhotes um adulto é doado", afirma.

Com os cães do Clube dos Vira-Latas (CVL) não é diferente, os filhotes são maioria nas adoções. O CVL recorre às redes sociais para aumentar a chance de adoções.

No site, os bichos reabilitados são separados por tamanho, do menor ao maior, ou do PP ao GG. Os anúncios para adoção têm informações sobre a personalidade do pet.

"É uma chance de conhecer melhor aquele animal antes de levá-lo para casa", conta Cláudia Demarchi, 55, presidente e fundadora da instituição, que hoje abriga 500 animais na região de Ribeirão Pires, interior de São Paulo.

Para ela, saber o que esperar daquele cão ou gato, aumenta as chances de adoção. No CVL, os cães passam por uma semana de "test-dog", ficam sete dias em seu novo lar para ver se a adaptação ocorre sem problemas.

"Caso alguma mudança brusca aconteça, como uma troca de imóvel ou perda familiar, o pet é bem-vindo de volta, não queremos que ele acabe na rua", afirma Demarchi.

A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que cerca de 30 milhões de cães e gatos vivam em situação de abandono no país. De acordo com o Instituto Pet Brasil, em 2019, o país tinha 370 ONGs de proteção animal, tutelando 172 mil bichos.

"O número de pedidos de resgate só cresce, mas as adoções ainda caminham a conta-gotas", afirma o advogado Werner Grau, 55, que atua com proteção animal na Adote um Focinho, instituição em Cotia (SP), que abriga 150 cães.

Ele e a mulher, a empresária Fernanda Delboni, 38, buscaram na tecnologia uma aliada para otimizar os processos de adoção.

Fernanda é cocriadora do aplicativo Petponto, que usa geolocalização para conectar ONGs e protetores individuais a potenciais cuidadores. Na plataforma, o responsável pelo animal pode colocar fotos, descrever o porte e as habilidades do bicho. Já o interessado preenche o que procura em seu futuro amigo.

"Pelo chat, quem abriga os animais vai avaliar se o tutor tem as condições para receber o pet. Como espaço na casa, segurança e disponibilidade de tempo", diz ela. O app, lançado em 2021, já promoveu a adoção de 700 animais.

Para quem presenciar situações de maus-tratos, o advogado diz que é preciso registrar com fotos ou vídeos a situação e encaminhar a denúncia para as autoridades.

O abandono de animais é crime previsto na Lei de Crimes Ambientais, de 1998.


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