SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Resgatar o ensino a distância para profissionais da educação, dentro de um sistema nacional de formação continuada, é uma das propostas do plano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A medida foi apresentada pelo deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), representante da campanha petista, nesta quinta-feira (1º), durante sabatina promovida pelo jornal Folha de S.Paulo, em parceria com o Todos pela Educação.
Para o deputado, "é fundamental que os encontros presenciais se mantenham, com uma política dos mentores [que acompanham o professor]", mas o ensino a distância pode fortalecer o preparo dos docentes em sua primeira ou segunda licenciatura.
Lopes é formado em ciências econômicas, líder da bancada petista na Câmara e autor da Lei de Acesso à Informação.
A sabatina foi mediada pelo repórter do jornal Paulo Saldaña, especializado em educação, e por Priscila Cruz, cofundadora e presidente-executiva do Todos.
Um levantamento encomendado pela instituição mostrou que 59% dos eleitores brasileiros consideram o tema "muito importante" na hora de escolher um candidato.
Ainda sobre formação de professores, Lopes diz desejar que o professor possa "combinar carreira, valorização e reconhecimento público" em sua vida profissional. Para isso, segundo ele, o profissional deve contar com reajuste anual com ganho real e instrução permanente.
O deputado diz ainda que a campanha defende um plano nacional de educação que priorize o ensino integral, tanto nos anos iniciais do ensino fundamental quanto no ensino médio. A educação infantil também seria beneficiada pelo modelo, uma forma de "proteger a infância".
O fechamento das escolas durante a pandemia teve reflexos severos no aprendizado dos estudantes. Nas escolas estaduais de São Paulo, ao final de 2021, 31% dos estudantes corriam alto risco de evasão. Os dados são de uma pesquisa feita pela Universidade de Zurique (Suíça) com base em informações da Secretaria da Educação paulista.
O levantamento também mostra que os alunos aprenderam apenas 45% do que era esperado para os últimos dois anos, caso as aulas não tivessem sido interrompidas.
A busca ativa de alunos que evadiram, o mapeamento de áreas vulneráveis e o aumento da carga horária escolar, tanto no ensino integral quanto com planos emergenciais de reforço escolar, são alternativas que Lopes cita para conter reverter esse cenário.
Para viabilizar o aumento da carga horária, ele afirma ser preciso "uma recomposição do orçamento no Ministério da Educação", para aumentar a verba disponível para atender as demandas atuais.
Segundo o deputado, ampliar o orçamento da educação passa pelo crescimento do PIB. Aumentar o valor agregado de produtos exportados pelo país como soja, carne e café é uma possibilidade para Lopes.
"Se agregarmos um pouco de valor, como transformar soja em proteína, ou óleo, teremos milhões de empregos gerados e vamos fazer o PIB crescer". Aumento que seria investido em educação, afirma ele.
No caso do ensino médio em tempo integral, ele diz que é necessário promover parcerias colaborativas com empresas, universidades e institutos federais para garantir que os alunos tenham acesso a laboratórios e ferramentas de diferentes itinerários formativos.
Assim, podem escolher as disciplinas de acordo com suas inclinações profissionais.
No caso da educação infantil, Lopes afirma que ainda há muito subfinanciamento para desenvolver políticas que garantam o acesso universal das crianças ao ambiente escolar.
O deputado diz que o SNE (Sistema Nacional de Educação) poderá fazer um diagnóstico das áreas deficitárias do ensino, por meio de um mapeamento do custo per capita dos alunos e da identificação de áreas vulneráveis que precisam de mais atenção.
A conversa com o deputado é parte de uma série de sabatinas sobre educação promovidas pelo jornal. Na quarta-feira (31) o entrevistado foi Rossieli Soares, da campanha de Simone Tebet (MDB).
Nesta quinta, às 17h, foi a vez de Ivo Gomes (PDT), prefeito de Sobral (CE), falar pela campanha de Ciro Gomes (PDT).
A Folha de S.Paulo convidou representantes das quatro campanhas mais bem colocadas nas pesquisas eleitorais do Datafolha. A equipe de Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, foi contatada, mas preferiu não enviar um representante. Os encontros de 45 minutos estão disponíveis no canal da Folha no YouTube.
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