SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A operação policial desta desta quinta (1º) na cracolândia da rua Helvétia, no centro paulistano, resultou na detenção do psiquiatra e palhaço Flávio Falcone, 42. Ele foi levado ao 77° DP (Santa Cecília) sob alegação de perturbação do trabalho ou do sossego alheio. Depois de passar três horas na delegacia, acabou liberado.

Falcone é conhecido na região da cracolândia por se fantasiar de palhaço e realizar atividades com dependentes químicos e moradores de rua. Ele e sua equipe usam uma bicicleta com uma caixa de som como forma de socializar com as pessoas --a polícia apreendeu o item.

"É uma criminalização de um trabalhador que desempenha uma ação de garantia de direitos humanos das pessoas que vivem em situação de rua ou fazem uso abusivo de drogas", disse a defensora pública Fernanda Balera, responsável pela defesa dele.

Uma das mulheres que o acompanhavam, a psicóloga Ludmila Frateschi, 42, foi atingida no braço por um tiro de bala de borracha e seguiu para o IML (Instituto Médico-Legal), onde faria exame de corpo de delito.

"A gente tinha acabado de começar a atividade. O delegado pessoalmente veio até mim e falou: 'você vai para a delegacia'. E todo mundo que estava comigo foi levado para a delegacia", afirmou Falcone à reportagem em frente à delegacia, ao 77° DP (Santa Cecília), onde passou cerca de três horas

Segundo Falcone, policiais disseram que houve denúncias de perturbação de ordem durante toda a semana. "Só que a gente só está aqui de quinta-feira, não procede essa denúncia", afirmou ele.

O psiquiatra diz que os policiais não quiseram ouvir sua versão. A polícia abriu um inquérito de perturbação da ordem.

Ele já teve seu nome envolvido em outros dois inquéritos, também relacionados a sua atuação na cracolândia. Em um deles, é acusado de fazer apologia do crime por, segundo ele, prescrever maconha medicinal.

"Sei que claramente isso é um ataque ao campo da redução de danos, que estou na ponta da lança aqui no território. Esse campo tem atrapalhado a Operação Caronte."

Para Falcone, a ação policial tem como objetivo fechar todas as pensões e tirar os pobres do centro.

A polícia diz que a operação visa prender traficantes e sufocar o tráfico de drogas na região central.


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