O escritor e professor Godofredo de Oliveira Neto foi empossado hoje (2) à noite, na Academia Brasileira de Letras (ABL). Eleito no último dia 9 de junho, com 22 votos, o novo acadêmico ocupará a cadeira 35 da ABL, sucedendo ao professor Cândido Mendes, que faleceu em fevereiro deste ano, aos 93 anos. Os ocupantes anteriores da cadeira 35 foram Rodrigo Octavio (fundador), Rodrigo Octavio Filho, José Honório Rodrigues e Celso Ferreira da Cunha.
Nascido em Blumenau no dia 22 de maio de 1951, o catarinense Godofredo Neto é romancista e contista. Atualmente, exerce a cadeira de professor titular de literatura brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O novo imortal da ABL graduou-se em letras pela Universidade de Paris III, França (1976), onde também fez mestrado em letras (1979). Além do doutorado em letras pela UFRJ, tem graduação em relações internacionais pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais da Universidade de Paris II. É ainda pós-doutor em pesquisa na Georgetown University, Estados Unidos.
Godofredo de Oliveira Neto é autor de 21 livros e escreve também artigos para jornais e periódicos do Brasil. Foi premiado com uma estatueta no Prêmio Jabuti, em 2006. Seus romances Menino oculto e Amores Exilados foram traduzidos para o francês e lançados no 35° Salão do Livro de Paris-2015, já em 4ª edição francesa. O livro Ana e a margem do rio foi publicado na Bulgária e recebeu, no Brasil, o selo de Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Arte e conhecimento
À Agência Brasil, Godofredo Neto destacou que a função da ABL, como uma das maiores instituições culturais do Brasil, é “brandir como arma, para uma sociedade mais justa, a arte e o conhecimento. Quer dizer, através da arte e do conhecimento, criar uma aproximação da nação brasileira, reconstituir a nação brasileira como um todo. Eu vejo minha ação (na ABL) como isso. Ou seja, a não violência, a arte, a cultura e o conhecimento acima de tudo, à frente de qualquer coisa, com esse objetivo. Esse é o objetivo maior”.
O novo imortal pretende dar sequência à linhagem de grandes escritores membros da ABL, entre os quais citou Guimarães Rosa, Jorge Amado, Ferreira Gullar, Antonio Callado. “Não é fácil seguir essa mesma linhagem quantitativa”, confessou, sorrindo.
Sua obra mais recente, o romance Esquisse, foi publicada na França, antes mesmo de sair no Brasil. A história se desenrola entre as cidades de Nova Iorque, Veneza e Florianópolis, onde ele esteve antes de começar a escrever esse livro. No momento, ele se dedica a escrever um novo romance, ainda sem título, cuja história se passa nos dias atuais, nos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro. “Estou escrevendo sempre, desde os 13 anos; escrevo quase diariamente”, comentou.
Godofredo Neto disse que a notícia de sua eleição na ABL foi muito bem recebida por seus alunos da UFRJ. “Uma juventude superanimada. Se sentem superprestigiados porque o professor deles foi para a ABL. Foi uma coisa muito legal, aplausos. Foi muito boa a receptividade”.
Discurso
Em discurso de posse, o imortal fez questão de lembrar a figura do escritor, educador e intelectual Cândido Mendes, a quem sucedeu.
“A grandeza de Cândido Mendes me estimula e me desafia a seguir o seu exemplo. A energia de Cândido, nosso augusto acadêmico, anda por aqui, dentro de nós. A luta por um Brasil solidário é também nossa. É um desafio particularmente árduo dar continuidade à excelência dos pensadores da Cadeira 35”, discursou o novo imortal.
Ele destacou também as escolhas feitas pela sociedade, fazendo um chamamento ao reencontro nacional necessário para a busca de maior harmonia entre todos.
“A condição humana é assim estruturada, não há outro suporte, mas há maneira de suavizá-la. E há escolhas, como bem o sabem, senhoras e senhores acadêmicos. Escolhas necessárias, fundamentais e estruturantes que exigem – se desejarmos uma nação ciente do seu caminho civilizatório – exigem banir o preconceito étnico, o preconceito religioso, o antissemitismo, a misoginia, a homofobia, o etarismo, a violência e o preconceito de gênero, o racismo – vidas negras e vidas indígenas importam, vidas e integridade das mulheres importam! Esse encontro do Brasil com a nação brasileira é medular para o despontar da paz e da harmonia”, defendeu Godofredo Neto.
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