SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A revista científica The Lancet publicou, neste sábado (3), um editorial ("Novos Começos para a América Latina?") dedicado à eleição presidencial brasileira. Para ela, "o Brasil precisa de uma mudança urgente".

O editorial da revista, existente desde 1823 e uma das principais publicações científicas do mundo, aponta que há preocupação de que, em caso de derrota, Bolsonaro, "conhecido por sua volatilidade e incitação indireta à violência, não cairá quieto".

A publicação relembra que o atual presidente brasileiro já até mesmo criticou as urnas eletrônicas perante embaixadores de outros países.

Não é a primeira vez que um editorial da Lancet cita direta e negativamente Bolsonaro.

Em 2020, a publicação afirmou que Bolsonaro ?chamado de "líder 'e daí?'", em referência à resposta dada pelo presidente a jornalistas quando questionado sobre a recente escalada no número de mortes por Covid-19 no país? talvez fosse a maior ameaça à resposta do Brasil ao coronavírus, que estaria mais empenhado em uma guerra contra a ciência do que contra o novo vírus.

"O manejo desastroso da pandemia de Covid-19 por Bolsonaro, seu desrespeito por mulheres, minorias étnicas, povos indígenas e pelo meio ambiente são amplamente conhecidos", aponta o editorial.

A revista cita, em seguida, os constantes problemas de desigualdade, pobreza e corrupção no país, além da violência de gênero e por armas ?"a decisão de Bolsonaro de flexibilização leis de armamento foi um passo na direção errada".

Também é lembrado como cientistas e instituições científicas têm sofrido.

Caso as projeções se confirmem ?pesquisas do Datafolha apontam vantagem de Lula (PT) na corrida presidencial?, o Brasil se juntará a outros países latinos americanos "onde há uma nova esperança para mudanças sociais", diz o editorial, que cita os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do Chile, Gabriel Boric.

Ao mesmo tempo, a revista lembra que diversos líderes já foram eleitos sob promessas de renovação da saúde e educação e combate à corrupção. Os casos de Petro e Boric seriam diferentes, ao menos, pela inclusão de temas como proteção climática e sustentabilidade, direitos das mulheres e maior inclusão de minorias étnicas.

"Boric possui uma forte agenda ambiental com um entendimento claro de que os combustíveis fósseis pertencem ao passado, uma exceção em uma região na qual muitos governos ainda apoiam mineração e óleo", diz o editorial, que cita, em seguida, o plesbicito para a nova Constituição chilena e as propostas de Petro para educação universitária gratuita e taxação de terras improdutivas.

"Há uma chance sem precedentes para novos começos na América Latina; uma oportunidade de fazer mudanças positivas para aliviar as profundas negligência, desigualdade e violência", afirma o editorial. "Torçamos para que o Brasil agarre essa oportunidade."


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