SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A casa de repouso Lar da Vovó, onde um incêndio matou seis pessoas e deixou duas feridas, já havia sido interditada duas vezes pela vigilância sanitária quando funcionava em outros endereços, segundo a Prefeitura de São Paulo. Os donos já haviam mudado a clínica de endereço pelo menos quatro vezes desde 2020.
"Uma equipe da Unidade de Vigilância em Saúde esteve neste sábado (10) no local, após a tragédia, e constatou que há um processo administrativo sanitário em curso, com autuações e interdições em dois outros endereços anteriores, da mesma proprietária", diz nota da prefeitura.
A instituição, que fica em São Mateus, na zona leste da cidade, apresentava "irregularidades sanitárias que configuravam alto risco à saúde dos idosos atendidos". A casa de repouso funcionava ilegalmente na rua Phobus havia cinco meses. A prefeitura disse que os donos não tinham alvará da vigilância sanitária ou pedido de regularização aberto na subprefeitura.
A clínica também não tinha o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), segundo a corporação.
No último sábado, cinco pacientes e uma cuidadora morreram após um incêndio no quarto dos fundos da casa. No cômodo, os bombeiros encontraram um corpo carbonizado. As demais vítimas morreram após inalar a fumaça provocada pelas chamas, segundo as investigações até agora.
O fogo teria começado ainda de madrugada, mas os bombeiros só foram chamados por volta das 7h30.
As vítimas, segundo a polícia, são a cuidadora Adriana dos Santos Souza, 39, e os pacientes Arturo Loureiro Perez (sem idade confirmada), Terezinha Barbosa Ribeiro, 81, Sonia Pinho Silva, 71, Adelson Alexandre Gino, 62, e Luciane Avelina Chaves, 42.
A casa de repouso tinha pelo menos cinco funcionários, dentre as quais três mulheres que haviam sido contratadas recentemente. A cuidadora que morreu no incêndio, Adriana dos Santos Souza, estava em seu primeiro dia de trabalho.
Os bombeiros suspeitam que o incêndio começou durante a madrugada e afirmam que, ao chegarem ao local, as chamas já estavam quase extintas. Um dos bombeiros que atuou no rescaldo do incêndio disse à reportagem que foi um trabalho rápido, porque o fogo consumiu todo o material inflamável do cômodo e não se expandiu para além do quarto.
A Polícia Civil investiga o caso e aguarda os laudos da perícia para apontar se há um responsável pelo incêndio e se alguém será indiciado pelas mortes.
Juliana Rait Barbosa Menezes, delegada plantonista do 49º DP (São Mateus), não descarta a possibilidade de o inquérito evoluir para incêndio e homicídio culposos (sem intenção).
A responsável pela casa de repouso esteve na delegacia na manhã de sábado, prestou depoimento e saiu sem falar com a imprensa. A reportagem ainda abordou o advogado que a representa, mas ele não quis se pronunciar.
Segundo Menezes, a responsável pelo Lar da Vovó, cujo nome não foi divulgado, confirmou em depoimento que o local funcionava sem autorização.
Apesar das irregularidades, familiares disseram nunca ter tido problemas com os donos da casa de repouso e elogiaram os cuidadores e a estrutura.
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