A festa literária, que retorna à cidade de Paraty, na costa verde fluminense, entre os dias 23 e 27 de novembro, depois de dois anos em formato online por causa da pandemia de covid-19, teve sua programação anunciada nesta terça-feira (13). A curadoria do evento foi coletiva, feita pela jornalista, tradutora e editora gaúcha Fernanda Bastos, a professora da Universidade Federal da Bahia Milena Britto e o professor da Universidade de Princeton Pedro Meira Monteiro.
A 20ª Flip é realizada no ano do Bicentenário da Independência, do centenário da Semana de Arte Moderna e do bicentenário de Maria Firmina dos Reis e representa o trabalho pela palavra e por um ambiente cultural e educacional mais acolhedor. Para os curadores da festa, falar de Maria Firmina dos Reis é conectar o Brasil consigo mesmo, trazendo histórias e trajetórias diversas e marginalizadas.
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Fernanda disse que a intenção é “dar o recado” a partir da homenagem a Maria Firmina, uma autora negra maranhense, de cuja imagem não se dispõe. “Temos apenas aproximações, mas achamos importante mexer com isso, em um momento em que a imagem é tão importante. Trabalhamos com uma autora que foi ignorada por muito tempo e agora tem sido trabalhada por pesquisadores, mulheres, principalmente, que também são marginalizados, assim como foi Maria Firmina.”
Com pouca informação sobre a escritora, estima-se que Maria Firmina tenha nascido em 1822, sendo autora do primeiro romance abolicionista do país, Úrsula, lançado em 1859. Escritora e educadora, sofreu com o "apagamento" histórico e vem sendo redescoberta no Brasil e no exterior. Publicou contos e poemas em jornais, compôs o Hino da Libertação dos Escravos e fundou uma escola gratuita para crianças. Maria Firmina morreu em 1917, sem qualquer prestígio.