SÃO PAULO, SP , FOZ DO IGUAÇU, PR (UOL/FOLHAPRESS) - Começou nesta quarta-feira (14), em Foz do Iguaçu (PR), a audiência de instrução e julgamento do assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, que irá definir até amanhã se o caso será levado a júri popular. O policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, denunciado por homicídio duplamente qualificado, será ouvido pela primeira vez no caso.
Mãe de Guaranho, Dalvalice Rocha disse nesta quarta que o filho não lembra do episódio e ficou sabendo do caso ao ver as imagens do tiroteio, mostradas pelo irmão. "Ele falou: 'nunca na minha vida eu pensei em tirar a vida de alguém'. O meu filho nunca foi um assassino. Foi uma tragédia", disse.
Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, Guaranho abriu fogo na noite de 9 de julho após invadir a festa de Arruda, que era tesoureiro do PT na cidade paranaense e comemorava o seu aniversário de 50 anos com uma celebração temática alusiva ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Veja como será a audiência.
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Quantas pessoas serão ouvidas?
Ao todo, 16 pessoas serão ouvidas. Dez delas foram chamadas pelo MP-PR (Ministério Público do Paraná) e serão ouvidas como testemunhas de acusação. As outras seis foram indicadas pelos advogados de Guaranho.
Quando Guaranho será ouvido?
A expectativa é de que ele seja ouvido por videoconferência nesta quinta-feira (15), no segundo dia de audiência de instrução. Guaranho está preso preventivamente desde a madrugada de 13 de agosto no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
Ele foi transferido para a unidade prisional após ter alta hospitalar. Ferido após ser atingido por seis tiros dados por Arruda, que revidou aos disparos dados pelo atirador, Guaranho levou mais de 20 chutes na cabeça em quase seis minutos de agressões após o tiroteio.
O que ele deve dizer?
Mãe de Guaranho, Dalvalice Rocha esteve em frente ao fórum nesta quarta e sustentou a mesma tese de legítima defesa apresentada pelos representantes legais de seu filho.
Ela citou o começo do desentendimento, quando Guaranho invadiu a festa de Arruda com uma música no carro alusiva a Bolsonaro, dando início à confusão. Após uma discussão, Arruda chegou a atirar areia no veículo do policial penal, onde também estavam a sua esposa e a filha pequena do casal. Em seguida, voltou para atirar.
"Tudo começou porque ele [Guaranho] passou com a música do 'mito' [em alusão ao presidente Jair Bolsonaro]. Foi legítima defesa, ele não chegou atirando. Ele só sacou [a arma] depois que viu o rapaz [Arruda] armado".
PEDIDO POR JUSTIÇA
Parentes e amigos da vítima se reuniram em frente ao fórum para protestar, erguendo cartaz com um desenho do rosto dele, onde se lia: "Marcelo Arruda presente". O consultor de vendas Leonardo Arruda, 27, filho mais velho da vítima, contestou a versão da defesa de Guaranho, que alega legítima defesa.
"Não entendo isso como legítima defesa. Estávamos nos divertindo, fazendo uma festa sem incomodar ninguém. Estávamos comemorando a vida do meu pai. Aí, uma pessoa desconhecida chegou lá com o intuito de provocar, com músicas do Bolsonaro. Só esperamos que a justiça seja feita. E que o assassino possa pagar pelo que fez perante a lei".
Esposa de Arruda, Pamela Silva também se posicionou. "O Marcelo estava comemorando o seu aniversário em um local privado e foi brutalmente assassinado. Ele não está hoje aqui para se defender. Mas os amigos e a família estão aqui para defendê-lo e pedir por Justiça".
"Eu tive a infelicidade de ver o meu melhor amigo ser assassinado na minha frente", disse André Roberto Aguiar, que relatou ter presenciado a tragédia em meio à festa de 50 anos de Arruda. "Isso ocorreu no início de um processo eleitoral. Só espero que isso não fique impune para impedir novos atos de violência".
Aguiar reforçou a tese sustentada pelo MP-PR de crime por motivação política. "Ele [Guaranho] foi numa festa onde ele não conhecia as pessoas, porque não gostava do candidato que o Marcelo apoiava. Ele atirou primeiro. Depois, entrou [no salão de festas] para executar o Marcelo. As imagens mostram isso".
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