SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A rede estadual de São Paulo viu recuar o desempenho de seus alunos do ensino médio, segundo avaliação federal divulgada nesta sexta-feira (16) pelo MEC (Ministério da Educação). Tanto em matemática quanto em língua portuguesa o resultado foi pior em 2021, na comparação com 2019, período pré-pandemia.
Na média padronizada entre as duas disciplinas no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), a rede paulista ficou com o 8º melhor resultados entre os estados, o que representa uma melhora com relação à edição de 2019, quando ficara em 9º.
A taxa de participação média de alunos de ensino médio na prova teve forte recuo, o que pode impactar nos resultados e na comparabilidade. De acordo com especialistas, é provável que alunos mais vulneráveis sejam maioria entre os ausentes.
Os resultados indicam um persistente cenário de estagnação da etapa. O governador Rodrigo Garcia (PSDB) tenta a reeleição --os tucanos governam São Paulo desde 1994.
Em matemática, a nota de São Paulo caiu de 273,45, em 2019, para 268,96 no ano passado. Com esse desempenho de 2021, os alunos da rede estadual não teriam competência para determinar a probabilidade da ocorrência de um evento simples.
Em língua portuguesa, a média passou de 279,12 para 278,34.
O desempenho apresentado pelos alunos paulistas em língua portuguesa significa que os alunos não conseguiram cumprir habilidades como a identificação do argumento em contos.
O Saeb compõe o principal termômetro da educação brasileira. A aplicação é feita a cada dois anos pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do Ministério da Educação.
A avaliação, que envolve provas de português e matemática, forma um indicador chamado Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), ao combinar resultados de aprovação escolar. Como na pandemia as redes de ensino seguiram orientação de não reprovar os alunos, os dados do Ideb ficaram prejudicados, indicando um comportamento artificial de melhora.
Outro ponto que chama a atenção é a desigualdade nas notas obtidas pelas redes estadual e privada, que aumentou no estado de São Paulo em 2021, segundo os dados divulgados.
Mais de 80% dos estudantes de ensino médio estão em escolas estaduais.
A análise mostra que, em matemática, São Paulo foi o segundo estado em que houve maior aumento na diferença de desempenho entre alunos das redes estadual e privada, atrás apenas do Piauí. Era de 62,66 pontos e agora é de 67,05.
Em todo Brasil, apenas quatro unidades da federação viram aumentar a diferença entre as redes estadual e privada no ensino de matemática.
Em língua portuguesa, a distância entre rede estadual e privada também cresceu em São Paulo. Passou de 44,43 para 46,44 pontos --a quarta unidade da federação em que mais aumentou essa desigualdade.
No país como um todo, somente cinco unidades da federação tiveram aumento nas diferenças entre redes estadual e privada no que diz respeito à língua portuguesa.
Em nota, a Secretaria Estadual da Educação viu de maneira positiva os resultados de forma geral, ressaltando os resultados do Ideb.
Segundo a pasta, São Paulo voltou a melhorar a avaliação no ensino médio, atingindo o Ideb 4,4, após registrar o maior crescimento da história das escolas estaduais neste ciclo de ensino em 2019. "O resultado anterior era de 4,3 pontos para os alunos que estavam concluindo o ensino médio", afirmou.
No comunicado o governo destacou os números do Ideb --que combina os resultados das provas de português e matemática no Saeb com os números de aprovação. O índice completo desta edição, porém, é considerado distorcido por causa da aprovação automática durante a pandemia.
O governo estadual também afirma que São Paulo alcançou em 2021 o melhor desempenho da história no Ideb para os anos finais do ensino fundamental, com pontuação de 5,3. Um crescimento de 0,1 em relação ao resultado registrado em 2019.
Para a secretaria, os números demonstram o impacto positivo que as medidas adotadas pelo governo do estado para garantir o ensino durante a pandemia tiveram na aprendizagem dos estudantes. "Apesar da variação numérica dos indicadores, os níveis de proficiência em língua portuguesa e matemática, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Educação, foram mantidos em todos os ciclos de ensino", diz.
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