SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Amazônia passa pelo setembro com maior número de queimadas desde o início do governo Jair Bolsonaro (PL). Até terça-feira (20), último dia com dados atualizados, foram registrados 32.137 focos de fogo, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o que supera a marca de todo o setembro de 2020, que até aqui havia registrado queimadas no bioma sob Bolsonaro para o mês.
No ritmo atual, o número de incêndio deve superar também, já nos próximos dias, setembro de 2017, que é o maior valor de queimadas para esse mês em mais de uma década.
O início do atual setembro já dava sinais de que a situação poderia ser crítica. A Amazônia teve três dias seguidos com mais de 3.000 focos de calor -uma sequência diária de valores tão altos, em setembro, não acontecia, pelo menos desde 2007. E não parou por aí. Os primeiros cinco dias do mês tiveram mais de 2.000 incêndios registrados por dia e outros oitos tiveram mais 1.000 focos.
Enquanto o Brasil completava o Bicentenário da Independência, no dia 7 de setembro, a Amazônia já somava mais de 18 mil focos de calor, ultrapassando assim o registro de fogo em todo o mês de setembro do ano passado.
A situação com elevados números de queimadas já vem desde o mês passado. A Amazônia teve o mês de agosto com mais queimadas desde 2010. Nos 31 dias do mês em questão foram registrados 33.116 focos de queimadas, segundo dados do Inpe.
As queimadas não são um evento isolado ou natural na Amazônia. Elas são associadas ao desmatamento e, consequentemente, à ação humana. Após derrubarem a mata, os desmatadores usam fogo para "limpar" a área. No bioma, a área destruída costumeiramente é usada em seguida para grilagem (inclusive, a derrubada é usada como uma forma de "reivindicação" da posse) e como pasto.
Com isso, além das queimadas significativas no mês passado, o desmatamento na Amazônia em agosto deste ano explodiu em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram derrubados 1.661 km² de floresta, um aumento de 81% em relação aos dados de 2021. O valor é o segundo maior observado em agosto no histórico recente do bioma, desde 2015, perdendo apenas para o de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro.
Apesar dos números elevados para o atual setembro, as queimadas do mês não devem superar o recorde geral no histórico de setembro: mais de 73 mil focos registrados em 2007.
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