SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O fechamento repentino nesta quinta-feira (22) do pronto-socorro do Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, para o atendimento da população em geral surpreendeu pacientes e integrantes do conselho gestor de saúde da instituição.
Agora, só quem chega em ambulâncias é atendido no hospital público --uma corrente foi colocada na entrada, que é abaixada por um segurança quando se aproxima o veículo de socorro. Os demais pacientes são encaminhados para a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) ao lado.
A Secretaria Municipal da Saúde afirma que mudanças ocorrem por causa de reformas que começaram a ser feitas na emergência na última terça (20).
"Serão executadas obras de melhorias para proporcionar mais conforto no atendimento e acolhimento. Todos os pacientes que estavam no PS foram realocados para outros setores dentro da própria unidade", diz a pasta, em nota.
O conselheiro Anderson Dimas Pereira Lopes afirma que o conselho gestor do hospital só foi informado sobre a mudança algumas horas antes de ela acontecer, em uma reunião às 15h de quarta-feira (21), convocada dois dias antes por email.
A pasta da saúde confirma a reunião e diz que debateu as reformas e apresentou cronograma de obras. "Todos os integrantes do conselho foram convocados a participar do encontro", afirma trecho de nota da secretaria.
Lopes reclama que o conselho gestor não teve a oportunidade de opinar sobre a mudança. "Essa medida autoritária, unilateral, é um desrespeito, pois o conselho é deliberativo", diz.
O Hospital do Campo Limpo atende cerca de 670 mil pessoas da zona sul e é referência para casos de traumas provocados, entre outros, por acidentes de trânsito, domésticos e de trabalho.
"Até a última quarta-feira, a emergência sempre atendeu quem chegasse lá", afirma Lopes. "Era só entrar com o carro que vinha uma enfermeira fazer o pré-atendimento e o paciente já era colocado em uma maca ou cadeira de rodas."
Segundo Lopes, na quinta-feira, primeiro dia de mudança, o tempo de espera por atendimento na UPA, da qual ele também faz parte do conselho gestor, passou de três para até seis horas.
Apesar de o conselheiro dizer que até quarta-feira qualquer pessoa era atendida na emergência, a gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma que o hospital é uma unidade referenciada para o acolhimento de pacientes encaminhados pela Crue (Central de Regulação de Urgência e Emergência), pelas UPAs, pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Militar (PM).
A UPA Campo Limpo é a porta de entrada para os atendimentos de demandas espontâneas, de acordo com a secretaria. "Na UPA é feito o acolhimento inicial e, se necessário, ocorre a transferência para o hospital de referência. Todos que procuram a unidade são atendidos", diz a pasta.
O conselheiro Anderson Lopes afirma que por causa da regulação um paciente pode ser transferido para outro hospital público, e não para o pronto-socorro na mesma calçada.
Sobre as obras, que não tiveram orçamento revelado e serão feitas com recursos do hospital, a prefeitura diz que ocorrerão de forma escalonada para que não haja interrupção no atendimento. A previsão é que a reforma seja concluída no primeiro semestre de 2023.
A prefeitura não informou se vai manter a corrente na porta do hospital quando as reformas terminarem.
O conselho gestor promete realizar protestos na porta do hospital a partir do dia 3 de outubro, após o primeiro turno das eleições.
Protestos na porta do hospital não são uma novidade. Em janeiro do ano passado, houve uma manifestação organizada pelo Sindsep-SP (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo) por causa de cortes de funcionários no local. As demissões chegaram, inclusive ao pronto-socorro.
RESSONÂNCIA
E outro problema apontado no Hospital Municipal do Campo Limpo é que aparelho de ressonância magnética, que atende cerca de 1,3 milhão de pessoas da zona sul, está quebrado há mais de dez dias --foram duas quebras em um mês, segundo o conselho gestor.
A secretaria diz que está sendo feita uma avaliação se a máquina terá conserto ou se será necessária a troca por um novo equipamento. "Momentaneamente os exames de ressonância têm sido realizados nos hospitais municipais Josanias Castanha Braga [Parelheiros], Gilson de Cássia Marques de Carvalho [Santa Catarina] e Professor Alípio Corrêa Netto, além de unidades estaduais", afirma a pasta.
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