RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em quase dois meses de entrevistas, o Censo Demográfico 2022 concluiu a coleta das informações em menos de 30% dos setores que compõem a pesquisa, indicam dados atualizados nesta terça-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Os setores censitários representam a divisão do território brasileiro em áreas urbanas ou rurais e permitem acompanhar o avanço das operações. Há 452,2 mil no Censo deste ano.
Recenseadores do IBGE começaram a coleta das informações da pesquisa em 1º de agosto. Em mais de uma ocasião, o órgão indicou que a previsão inicial era terminar as entrevistas nos domicílios em três meses, até o final de outubro.
Porém, somente 26,7% dos setores censitários já foram concluídos, de acordo com os dados atualizados pelo instituto nesta terça. O Censo ainda estava em andamento em 37,7% dos espaços. Já a parcela de setores nos quais a coleta sequer havia sido iniciada era de 35,7%.
De acordo com os dados atualizados nesta terça, o Censo já contou 95,7 milhões de pessoas no país. O número corresponde a menos da metade da população que o instituto projeta recensear até o final da pesquisa (cerca de 215 milhões).
A edição mais recente do Censo ocorreu em 2010. Os dados divulgados à época pelo IBGE sinalizam que aquele levantamento estava em velocidade mais avançada do que o atual. De 1º de agosto a 27 de setembro de 2010, a coleta já havia chegado a 80% da população estimada no país.
Perguntado se o fim das entrevistas de 2022 ficará para depois de outubro, o IBGE afirmou à reportagem que questões como essa serão respondidas em uma entrevista coletiva. O órgão não deu detalhes sobre o assunto.
O instituto é alvo de queixas de recenseadores desde o início deste Censo. A categoria, contratada de maneira temporária, reclama da demora na liberação de pagamentos e de valores abaixo dos esperados. Diante desse quadro, houve ameaças de greve, além de desistências de profissionais.
Em balanço divulgado no final de agosto, o IBGE reconheceu a dificuldade para preencher parte das vagas de trabalho em regiões com menor desemprego. Na mesma ocasião, o órgão informou que contava com 144,6 mil recenseadores em campo.
Para preencher postos de trabalho que estavam vazios, o instituto apostou em processos seletivos complementares, procedimentos previstos em pesquisas como o Censo. O IBGE não informou o número atual de recenseadores que estão em campo.
De acordo com os dados atualizados nesta terça, Mato Grosso é o estado com menor percentual de setores censitários concluídos: 13,4%.
Em São Paulo, dono da maior população do país, a proporção estava em 22,2%. Sergipe tem o patamar mais elevado de setores concluídos: 39,5%.
O Censo costuma ser realizado de dez em dez anos. As informações apuradas pelo IBGE servem como base para políticas públicas e podem influenciar até decisões de investimento de empresas.
A nova edição da pesquisa, inicialmente prevista para 2020, foi adiada por dois anos consecutivos. Os atrasos ocorreram em razão das restrições da pandemia, em 2020, e do corte de verba, em 2021, pelo governo federal.
Para a produção do Censo em 2022, o IBGE contou com um orçamento de cerca de R$ 2,3 bilhões. Inicialmente, as operações da nova edição haviam sido estimadas em mais de R$ 3 bilhões.
O valor diminuiu após revisões. Até agora, o instituto não manifestou necessidade de recomposição na verba.
Associação cobra candidatos nas eleições Às vésperas da eleição deste ano, a Assibge, que representa os servidores do órgão, publicou uma carta na qual pede aos candidatos um "compromisso claro com o IBGE e com os seus trabalhadores".
A entidade defende, por exemplo, realização de concurso público para reposição do quadro de funcionários do órgão e "orçamento adequado" para produção de pesquisas.
"O orçamento do IBGE tem sido progressivamente declinante em termos reais, prejudicando a capacidade de planejamento da instituição e de atendimento das demandas da sociedade no longo prazo", diz a carta, divulgada na quinta-feira (22).
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