SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O estudante de 14 anos que invadiu uma escola de Barreiras (BA), em ação que deixou uma aluna cadeirante morta, mantinha contato com o jovem de 18 anos que também invadiu a escola onde estudava armado com flechas, facas e bomba caseira, em Vitória (ES), no mês passado. A informação é da Polícia Civil do Espírito Santo, que confirmou que os dois se comunicavam pela internet. A investigação agora verifica se o episódio tem relação com outros casos e se os jovens faziam parte de um grupo de ódio online.

À reportagem, a Polícia Civil da Bahia confirmou a linha de investigação, mas classificou a conexão entre os responsáveis pelas invasões ainda como "embrionária". No entanto, a corporação também informou que está em contato com autoridades de outros estados, "uma vez que há indícios do envolvimento do jovem com autores de ataques fora da Bahia".

A investigação é conduzida pelo delegado e coordenador regional da Polícia Civil da Bahia, Rivaldo Luz. Em vídeo divulgado pelo jornal A Gazeta, ele diz que os jovens tinham uma relação próxima e que o adolescente envolvido no episódio de Barreiras tinha Henrique Lira Trad, 18, autor da tentativa de ataque à Escola Éber Louzada Zippinotti, como uma espécie de "guru".

A ação do suspeito foi anunciada nas redes sociais, a seus quase 200 seguidores, horas antes da invasão e ele já dava indícios de investir contra terceiros dias antes do ocorrido. Entre as postagens, ele também fez menção a parentes de Henrique Trad, que alertou que o garoto estaria sendo monitorado pela Políica Federal.

A Polícia também aprofunda as investigações em meios digitais, para que possa confirmar as intenções do adolescente e se houve participação ou incentivo de terceiros.

Imagens da região foram coletadas e estão sendo analisadas para investigar a logística do atentado.

BARREIRAS

O ataque a Escola Municipal Eurides Sant'Anna ocorreu ontem por volta das 7h20 da manhã. Um adolescente de 14 anos é investigado por matar uma aluna cadeirante com uma arma branca e com um disparo de arma de fogo. A jovem, identificada como Geane da Silva de Brito, 19, morreu no local. Ela era aluna do 9º ano do ensino fundamental.

O atirador tentou fugir, mas foi atingido por um disparo de arma de fogo que, segundo a polícia, partiu de uma terceira pessoa ainda não identificada. Ele foi socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e está internado. A prefeitura da cidade informou que ele segue em estado grave após ser baleado.

A reportagem apurou que o atirador era estudante da escola, mas não vinha frequentando o local.

À TV Globo, a professora Aline Herok o classificou como um adolescente "muito calado".

"Era um aluno muito calado, se expressava poucas vezes na sala, mas fazia as atividades escritas com muito capricho. Sempre sentava no mesmo lugar e se relacionava sempre com os mesmos colegas que estavam próximo a ele. Não era um aluno de muitas amizades. A interação era pouca e sempre com os mesmos colegas", disse ela, afirmando ainda que o aluno nunca demonstrou "aspectos de agressividade ou violência."

Nas redes sociais, o adolescente criticava professores, fazia comentários xenófobos e assumia ter ódio para liberar. Ele já havia comentado a intenção de matar outros estudantes da escola e demonstrou tristeza pela reação esperada de sua família, uma vez que acreditava estar fadado a ser morto na ação. "Se eu matar pelo menos dois, já vou estar feliz", escreveu no Twitter.

Ele era seguido por 186 usuários e publicou 103 vezes desde setembro de 2021 ? a maior parte desde que começou a estudar na Escola Municipal Eurides Sant'Anna e chegou a se descrever como "exército de um homem só". Dias antes do ataque na unidade de ensino, ele passou a descrever o que pretendia fazer com os colegas e reagir após a ação.

Na tarde de segunda-feira (26), o perfil foi retirado do ar pela plataforma, por violação de regras de uso.

VITÓRIA

No dia 19 de agosto, um jovem de 18 anos invadiu a Escola Municipal Éber Louzada Zippinotti em Vitória armado com dispositivos de disparo de flechas, facas e garrafas de coquetel molotov. Ele causou pânico e correria na unidade e uma criança foi atacada e teve ferimentos no rosto.

A ação de Henrique Lira Trad, ex-aluno da instituição, também foi frustrada. Ele queria promover um "massacre" e foi visto pulando o muro da instituição por uma professora que estava em sala de aula e acionou a Polícia Militar.

O rapaz foi detido usando vestindo roupas pretas e foi descrito como "desorientado".


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