SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A cidade de São Paulo registrou cinco casos de meningite meningocócica nas regiões da Vila Formosa e Aricanduva, na zona leste da capital. Um dos pacientes é um bebê de dois meses de idade. Os outros quatro são adultos. Entre eles, foi confirmada a morte de uma mulher de 42 anos.

A situação já é considerada um surto pela Secretaria Municipal da Saúde, porque "há ocorrência de três ou mais casos do mesmo tipo em um período de 90 dias na mesma localidade", conforme a pasta.

A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o sistema nervoso central. Essa inflamação pode ocorrer de formas infecciosas e não infecciosas e, por isso, também apresenta diferentes riscos para o paciente.

Os principais meios associados ao desenvolvimento da inflamação são pelas infecções bacterianas e virais. Em casos mais raros, a inflamação das meninges também acontece por causa de fungos.

As meningites causadas por bactérias são as de maior risco. Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas normalmente envolvem febre, dores, mal-estar, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo.

Esse último sintoma é o indicativo de que a bactéria está se alastrando pelo organismo, o que pode fazer com que o risco de uma infecção generalizada seja maior.

As bactérias do tipo meningococo estão entre as mais comuns a causar meningite. Nesse caso, a doença é chamada de meningite meningocócica e pode levar a quadros graves da doença. Além disso, a taxa de letalidade é alta, com cerca de 30% dos pacientes indo a óbito.

"Você tem formas fulminantes da doença que podem levar a óbito em menos de 24 horas desde o inicio dos sintomas", afirma André Giglio Bueno, professor de infectologia da PUC de Campinas e consultor científico da A Casa, uma plataforma que une os agentes nacionais de saúde e agentes de combate às endemias. Os casos fulminantes da doença, contudo, não são os mais frequentes.

Existem diferentes sorotipos de meningococos. Um dos mais comuns é o do tipo C. Para esse sorotipo, existe uma vacina disponível no PNI (Programa Nacional de Imunizações), restrita a crianças, adolescentes e adultos com risco mais alto de desenvolver quadros graves de meningite meningocócica, como os imunossuprimidos.

Além dessa vacina, o PNI também disponibiliza imunizantes que agem contra agentes causadores de outras meningites.

A vacinação de populações mais propensas a quadros graves é uma das principais formas de prevenção. Outro modo é imunizar pessoas que estão em uma localidade com circulação ativa da bactéria.

"É uma medida válida tentar fazer um bloqueio vacinal onde a bactéria está circulando com mais intensidade para evitar casos novos", explica Bueno.

Essa foi a ação tomada pela capital paulista nos dois bairros em que os casos de meningite foram registrados. Segundo a secretaria, a imunização está disponível para moradores dos distritos com idades de três meses a 64 anos.

"Já foram vacinadas 8.455 pessoas na região nas duas últimas semanas", diz a pasta em nota.

Outra forma de barrar a transmissão é a quimioprofilaxia, também já adotada em São Paulo.

"Isso envolve dar uma medicação para os contatos próximos daquela pessoa que teve a doença", resume Bueno. Isso é feito porque a pessoa que teve contato próximo com o doente pode igualmente ter sido infectado. Os remédios são receitados para a eliminação da bactéria.

Para as bactérias do tipo meningococo existem ainda outras formas de prevenção, as mesmas utilizadas para evitar a Covid-19, como usar máscaras, evitar aglomerações e manter ambientes bem ventilados.

"Essa é uma bactéria que se transmite por vias aéreas. Então as mesmas medidas que utilizamos para Covid funcionam para esse tipo de meningite", afirma Bueno.

Mesmo assim, é importante entender que o modo de transmissão da meningite depende do agente causador dela. Por exemplo, há casos em que a doença está associada a uma bactéria que é transmitida por meio de alimentos, não por vias aéreas, como no caso do meningococo.


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