SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Por trás do jeito "mandão" de Daniel Carlos dos Santos Ferreira, havia um sujeito carinhoso, brincalhão e extremamente dedicado ao que fazia e às pessoas que amava.
Nascido em 18 de janeiro de 1949, em São Paulo, Daniel morou a vida inteira na Vila Mariana, zona sul de São Paulo. Também só teve um emprego, no Banco Itaú. Começou a trabalhar em uma das agências em 1970 e por lá ficou durante 30 anos, até que decidiu se aposentar.
Conheceu sua esposa aos 20 anos por meio de amigos em comum e com ela se manteve casado até a morte. Do casamento, nasceram duas filhas. "Meu pai era extremamente protetor. Quando estávamos fora de casa, ele ligava 50 vezes. Enquanto a gente não chegasse, ele não sossegava, não dormia em paz", lembra a comunicadora Tathiana Barbar, filha de Daniel.
Seu gênio forte levava as pessoas a não ficarem em cima do muro: ou não gostavam do bancário ou o amavam. "Mas em geral ele tinha bons amigos de infância, pessoas que gostavam muito dele e que conheciam quem ele era. Tinha um coração enorme", diz Tathiana.
Metódico e organizado, Daniel era zeloso com todas as coisas e pessoas de quem realmente gostava. Um exemplo marcante foi sua trajetória no Círculo Militar de São Paulo, um clube no bairro do Ibirapuera, zona sul paulistana, no qual tanto militares como civis podem se associar.
"Desde que a gente nasceu, a família frequentava muito ali", afirma Tathiana. "Ele fazia parte de uma comissão para desempenhar melhorias e se dedicava muito a essas ações."
Essa dedicação foi reconhecida em 2019, quando o aposentado recebeu uma medalha da entidade, algo que geralmente é reservado aos militares.
Daniel era portador de fibrose pulmonar, uma doença rara, agressiva e sem cura, que engrossa o tecido do pulmão a ponto de impedir a passagem do oxigênio para a corrente sanguínea conforme vai avançando. Os sintomas se iniciaram em uma viagem no início de 2020 e logo a condição foi diagnosticada.
O tratamento, que ajuda a diminuir a velocidade da progressão da doença, começou de forma tardia, quando cerca de 30% a 40% do pulmão já estava comprometido.
Os remédios conseguiram amenizar a situação até o fim de 2021, quando ele precisou ser levado para a UTI, já com 90% do pulmão afetado. A partir daí, tornou-se necessário passar o dia ligado ao respirador.
Internado, Daniel soube que o Círculo Militar queria homenageá-lo novamente. Tathiana diz acreditar que a vontade do pai de viver e o amor pelo que fazia o deu forças para melhorar e ir receber a nova medalha pessoalmente no clube, mesmo estando debilitado.
Porém a fibrose piorou de novo e foi necessário voltar ao hospital. Tempos depois, ele preferiu interromper o tratamento devido aos efeitos colaterais.
Daniel morreu em 29 de setembro, aos 73 anos, e deixou a esposa, duas filhas e dois netos.
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