SÃO PAULO, SP 9FOLHAPRESS) - O intervalo de implantação de marca-passo em pacientes cardíacos em um hospital municipal de São Paulo recuou de 30 para 7 dias de espera. O resultado veio após um ano de parceria entre o poder público e a Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein.
A diminuição do tempo de espera afeta diretamente a disponibilidade de leitos de UTI no Hospital Municipal do M'Boi Mirim, na zona sul de São Paulo, onde se implantou o programa entre o Einsten e o Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (Cejam).
"Entendemos que o custo de diária de UTI superava o custo do marca-passo, levamos esse projeto à secretaria [municipal da Saúde] e ela abraçou", diz Mariana Granado, gerente médica do M'Boi Mirim.
Até outubro do ano passado, os pacientes que necessitavam do equipamento internados no hospital aguardavam na UTI uma vaga em outra unidade hospitalar para o procedimento. Eles ficam na fila da Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), o que poderia durar até 30 dias.
No programa, o Einstein propôs à secretaria incorporar um médico especialista em marca-passo no próprio M'Boi Mirim e a comprar os equipamentos. A partir daí, o procedimento passou a ser realizado no próprio hospital, diminuindo a espera.
A inserção do marca-passo é tida como simples de realizar, mas com alta complexidade técnica. "Ela demanda um cardiologista especialista em marca-passo e um equipamento de alto custo. Então, a disponibilidade deste tipo de procedimento no SUS é baixa", diz Mariana.
Atualmente, a demanda para o município é de aproximadamente 25 marca-passos por mês, segundo a Secretaria Municipal da Saúde. O Hospital Municipal do M'Boi Mirim realiza cerca de 12 implantes por mês. Até o momento, foram inseridos 53 marca-passos por meio da parceria, que começou em outubro de 2021.
De acordo com a secretaria, para receber o implante de marca-passo o paciente precisa passar por avaliação médica. Caso seja identificada a necessidade do procedimento, ele é encaminhado pela rede municipal via Cross, que seguirá ordem de prioridade clínica e cronológica.
"Com essa proposta, a gente consegue atender não apenas a nossa demanda interna, mas também abrimos para toda a cidade de São Paulo receber pacientes que necessitem do marca-passo caso tenhamos vaga e recurso disponíveis", diz a gerente do hospital.
Na rede municipal, o Hospital do Servidor Público também realiza o procedimento, mas exclusivamente para os servidores públicos do município e seus dependentes.
A rede estadual possui 46 hospitais habilitados para realização do implante de marca-passo. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, foram realizados 5.979 implantes nas unidades estaduais e conveniadas de 2021 até agosto deste ano. "Há um aumento de 20% se comparados os dados deste ano com o mesmo período do ano passado", informa a nota.
Há dois anos o assistente administrativo Marcelo Maia da Silva, 50, durante a realização de exames, descobriu que tinha um problema em uma das válvulas do coração. Na ocasião, segundo ele, o cardiologista que o atendeu disse que ele poderia viver uma vida normal, fazendo acompanhamento médico anual. Mas, em julho deste ano, o alerta foi ligado.
"Eu desmaiei na cozinha de casa e bati a cabeça. Fui ao pronto-socorro, mas não fizeram um eletrocardiograma, me medicaram e mandaram para casa. Mas depois fui a uma UBS próxima ao Hospital do M'Boi Mirim. Lá fizeram o exame e constataram que meus batimentos estavam muito baixos e me encaminharam ao hospital. Entrei direto na UTI."
Maia diz que recebeu um marca-passo provisório na primeira semana, mas pegou uma bactéria e precisou esperar mais alguns dias para receber um novo equipamento. "Pela eficiência do médico que me encaminhou para o hospital e da equipe médica em fazer o procedimento em uma semana, pelo meu estado clínico, dei sorte."
O implante do marca-passo é necessário para regular a frequência cardíaca. Com um tamanho um pouco maior que o de uma moeda, o equipamento conta com eletrodos que dão choques com frequência rítmica no músculo cardíaco para o coração continuar batendo regularmente e o paciente voltar a ter uma vida normal.
De acordo com o Einstein, com base nos dados do Censo Mundial de Marca-passos e Desfibriladores, cerca de 300 mil brasileiros utilizam o equipamento no país e aproximadamente 49 mil realizam o implante do dispositivo todos os anos.
"É um número razoável em comparação com outras doenças cardíacas. Ainda a doença cardíaca que mais mata é a hipertensão arterial sistêmica, que necessita de cuidados essenciais de atenção primária, que é frequentar o médico de família, o clínico, medir a pressão com frequência, tomar as medicações, que são de baixo custo", diz Mariana.
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