SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Cimi (Conselho Indigenista Missionário), órgão ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), divulgou nota nesta quarta-feira (26) para se posicionar oficialmente contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Impedir a reeleição do atual presidente é tarefa histórica de quem defende a democracia e a diversidade", afirma o conselho.
Sem citar o nome de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, o Cimi afirma que está ao lado das "pessoas que lutam pela construção de uma alternativa ao presente governo e pela defesa de uma sociedade mais justa, igualitária e plural, calcada no pacto constitucional estabelecido em 1988".
Entre as justificativas, a organização afirma que os povos indígenas vivem um contexto inédito de ataques contra seus direitos constitucionais, seus territórios e a própria existência.
"Desde a campanha presidencial de 2018, quando prometeu não demarcar nenhum centímetro de terra aos povos originários, o atual mandatário fez da postura anti-indígena uma de suas marcas", diz a nota.
O Cimi cita a apresentação de projetos de lei e a edição de medidas que tentam inviabilizar o reconhecimento dos territórios indígenas e entregar as terras demarcadas a empresas, latifundiários e invasores.
Aponta também o desmonte de mecanismos de proteção territorial, fiscalização ambiental e assistência a comunidades indígenas.
"O desvirtuamento a que a Funai (Fundação Nacional do Índio) foi submetida evidencia o verdadeiro sequestro do Estado brasileiro e de suas instituições, que passaram a ser atacadas e corroídas por dentro", diz o manifesto.
O relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, lançado pelo Cimi em agosto, mostra que o Brasil registrou 305 casos de invasão, exploração ilegal e danos a 226 terras indígenas de 22 estados em 2021, um recorde. O total representa um aumento de 180% em relação aos números de 2018, último antes do início da gestão de Bolsonaro.
Para o conselho, em vez de atuar como mediador e defensor dos bens públicos, o presidente usou todos os instrumentos ao seu alcance para entregar o patrimônio dos povos indígenas a grupos de interesses privados.
O Cimi afirma que decisões judiciais, reações da sociedade civil e a resistência dos indígenas impediram que Bolsonaro fosse totalmente bem-sucedido nesse projeto.
A disposição ao golpismo e a admiração por regimes autoritários também são citados como motivação para a nota contrária à reeleição.
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