SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - De segunda a sexta, às 6h, a estudante Ana Oliveira, 24, embarca na estação Osasco da linha 9-esmeralda, na Grande São Paulo, rumo a Pinheiros, na zona oeste da capital.

Também indo para Pinheiros, a publicitária Beatriz de Souza, 21, embarca, de segunda a sexta, às 9h na estação Grajaú, no extremo sul da capital, que fica na outra ponta da linha de trens metropolitanos.

No entanto, os problemas enfrentados por Ana e Beatriz são os mesmos: paradas repentinas, atrasos e longa espera pelo transporte.

O trecho é gerido pela ViaMobilidade, que assumiu as linhas 9 e 8-diamante em 27 de janeiro deste ano --ambas antes estavam sob administração da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que continua responsável por outras cinco linhas.

Durante um mês, a reportagem utilizou, de ponta a ponta, a linha esmeralda de segunda a sexta em horários e condições climáticas diferentes. Pela manhã, embarcando na estação Vila Natal, na zona sul, rumo a Osasco; à noite, fazia sentido oposto.

Problemas, em menor ou maior escala, foram percebidos em mais da metade das viagens. Paradas entre estações são recorrentes, atrasando o percurso em até sete minutos. Também há problemas na ventilação, a qual é por vezes muito gelada e em outras parece estar desativada, gerando desconforto para os passageiros.

Diante do volume de reclamações, no último dia 18 de outubro o Ministério Público estadual deu dez dias para que a ViaMobilidade assine um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) para resolver problemas relatados por passageiros.

A Promotoria apurou problemas de interrupção do serviço dos trens, sinalização, fornecimento de energia, estrutura de estações e até mesmo limpeza. Também recebeu informações de testemunhas sobre o fornecimento de funcionários da CPTM à ViaMobilidade para a resolução de falhas em trens.

Segundo o órgão, é necessário que a empresa demonstre a intenção ou não de resolver consensualmente os problemas encontrados ao longo dos últimos meses. A Folha apurou que a empresa, que faz parte do grupo CCR, já manifestou o desejo de não assinar o documento.

Procurada na tarde desta sexta-feira (28), a ViaMobilidade disse que o prazo dado pelo Ministério Público seria de dez dias úteis, e não corridos, portanto não se esgotou.

A reportagem tentou contato com o Ministério Público de São Paulo por email e telefone nesta sexta-feira, mas não recebeu resposta.

Em sua defesa sobre as reclamações, a ViaMobilidade diz que, desde o início da sua gestão das linhas, melhorias são percebidas. Cita, por exemplo, que em setembro a linha 8 teve redução de 76% no número de reclamações em relação a março.

"Além disso, serão investidos R$ 3,9 bilhões em melhorias nas linhas 8 e 9 em três anos. Já foi investido cerca de R$ 1 bilhão desde o início da concessão, que é de 30 anos", afirma, em nota.

"Não há como fazer esse investimento num tempo mais curto, pois isso depende da chegada dos novos trens e das reformas nas linhas e estações, que são realizadas durante a curta janela de manutenção da operação", complementa.

Segundo a concessionária, já foram implementadas ações como a revisão geral de 14 trens, ação corretiva em 18,48 km de trilhos, reforma de banheiros em 28 estações, entre outras.

São da CPTM as linhas 7-rubi, 10-turquesa, 11-coral, 12-safira e 13-jade. Segundo a companhia paulista, a mais longa é a 7-rubi, com 60 km. Uma viagem por todas as 27 estações da linha leva, em média, 1 hora e 17 minutos.

A linha 9-esmeralda, segundo a ViaMobilidade, tem 41,6 km e um tempo médio de viagem de 48 minutos.

"Ainda tem a demora entre os trens. Chego a esperar dez minutos. É muito estressante", afirma a assessora de imprensa Giovanna Caggiano, 25, que utiliza a linha de Osasco a Pinheiros.

No dia 26 do mês passado, quedas sucessivas de energia fizeram com que o trem sentido Vila Natal ficasse parado durante 25 minutos na plataforma de Pinheiros, um dos principais pontos de embarque e desembarque de passageiros por fazer baldeação com a linha 4-amarela do metrô.

O sistema de alto-falantes anunciara por três vezes que a viagem seguiria, o que só aconteceu no quarto aviso. Muitos passageiros deixaram os vagões rumo ao terminal de ônibus.

A queda de energia também desligou o sistema de ar-condicionado.

Já na manhã do dia 17 deste mês, outra ocorrência: trens indo sentido Osasco só operavam até a estação Pinheiros, que teve tumulto do lado de fora. Os passageiros, quase todos já atrasados, tiveram que utilizar ônibus para chegar ao trabalho.


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