BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) - Um grupo de caminhoneiros bolsonaristas, que fazia protesto contra a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), descumpriu ordens de desbloquear a BR-040 e foi dispersado pela Polícia Rodoviária Federal em Luziânia (GO) com bombas de gás lacrimogêneo, a poucos quilômetros de Brasília.
Por volta das 13h desta segunda-feira (31), a polícia de uma ordem para que os caminhoneiros liberassem a pista, o que não aconteceu. Com isso, os policiais atiraram bombas de gás contra os manifestantes. Alguns deles chegaram a passar mal. A pista foi liberada na sequência e a concessionária que administra a rodovia passou tirar restos de pneus queimados pelos manifestantes para que estavam pela estrada. O trânsito está liberado neste momento.
Desde a noite de ontem, caminhoneiros passaram a contestar o resultado das urnas, falam em fraude, sem apresentar provas, e pedem intervenção militar em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL), o que seria um golpe de estado. Protestos ocorrem em 11 estados e no Distrito Federal.
O protesto, a 50 km de Brasília, bloqueava a rodovia nos dois sentidos no bairro Parque Alvorada, em Luziânia, com dezenas de caminhões. Antes da intervenção policial, um dos organizadores, conhecido como Henry Ford, chegou a dizer que havia uma equipe da Presidência da República no local, usando um carro descaracterizado, mas não há qualquer confirmação oficial sobre isso.
O motivo do protesto, segundo esse manifestante, é aguardar um posicionamento de Bolsonaro para saber se eles permanecem no local ou se desmobilizam o bloqueio. Mais de 16 horas após a derrota, o presidente ainda não se manifestou.
No protesto em Goiás, um outro organizador, identificado como João Paulo, que é carpinteiro, afirmou à reportagem que houve "fraude nas eleições" e que o exército deve impedir Lula -eleito democraticamente neste domingo com mais de 60 milhões de votos- de assumir o cargo.
"Se o Exército não agir, o povo vai agir de uma maneira ou de outra", disse em tom golpista.
A reportagen conversou com policiais rodoviários que disseram que nenhuma multa foi aplicada até o momento.
Antes de a polícia dispersar o protesto, a reportagem presenciou a liberação de quatro ônibus e uma ambulância da Secretaria Municipal de Saúde de Cristalina (GO), que fica a 80 km do bloqueio.
Organizadores do evento afirmaram à reportagem sob reserva que ambulâncias e transportes com pessoas grávidas e com doenças seriam liberados, caso solicitarem ao comando do protesto.
Em Goiás, há pelo menos quatro pontos de bloqueio. A concessionária Via 040, que opera a rodovia BR-040 entre Brasília, Goiás e Minas Gerais, divulgou informações sobre os locais com manifestantes:
- BR-040, km 19, Luiziânia; interdição total no sentido RJ e DF
- BR-040, km 94, Cristalina; interdição total no sentido RJ e DF
A concessionária Triunfo Concebra também informou a ocorrência de manifestações.
- BR-153/GO, km 703, em Itumbiara; congestionamento de 7 quilômetros sentido sul e 8 quilômetros sentido norte
- BR-060/GO, km 101, em Anápolis; congestionamento de 8,5 quilômetros em ambos os sentidos
SEGUNDO MANIFESTANTES, HÁ DUAS OPÇÕES PARA PASSAR PELOS BLOQUEIOS:
- Ambulâncias e transportes com pessoas grávidas e doentes podem passar, desde que peçam permissão para as lideranças
- A cada duas horas há uma janela de 15 minutos para os veículos passarem
Há pouco começou a chover no local. Empresários de Luziânia armaram uma tenda e uma cozinha, para distribuir comida e manter as pessoas no local.
Segundo um balanço divulgado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) nesta manhã, há 70 bloqueios registrados em: Rio Grande no Sul; Santa Catarina; Paraná; Minas Gerais; São Paulo; Rio de Janeiro; Mato Grosso; Mato Grosso do Sul; Rondônia; Pará; Goiás; Distrito Federal.
Em nota, a Polícia Federal Rodoviária disse que está "comprometida com a segurança viária e com a intenção de manter a sociedade atualizada quanto a qualquer bloqueio ou restrição de tráfego nas estradas e rodovias federais".
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