SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma série de vídeos publicados pelo presidente da Galoucura, Josimar Júnior, mostra torcedores furando bloqueios na estrada BR-381, em Minas Gerais. Nas imagens, homens com a camisa da organizada do Atlético Mineiro agem contra os manifestantes, eleitores de Jair Bolsonaro (PL) que protestam contra o resultado das eleições presidenciais.
"Se precisar da tropa do fura-bloqueio, chama os Galoucura", diz Josimar. "Todos os bloqueios que estiveram aí vamos tirar, desgraça! É a Galoucura! Onde tiver bloqueio, a gente vai passar passando. Não tem bloqueio para os Galoucura, não. Vamos ver o Galo, independentemente de qualquer coisa."
Os torcedores estavam a caminho de São Paulo para a partida no Morumbi, contra o São Paulo, na noite de terça-feira (1º), pelo Campeonato Brasileiro. E encontraram a estrada fechada em alguns pontos. Em um deles, com pneus em chama, um torcedor exigiu: "Apaga! Apaga essa p...! Tira essa p... aí, sô!". Um manifestante, assustado, começou a rolar para fora da pista um dos pneus.
A Galoucura divulgou ainda uma espécie de anúncio com o título "Disk Bloqueio". "Viu algum bloqueio em estradas de Minas Gerais? Entre em contato com a Galoucura. É só mandar uma foto e a localização. O resto deixa com a gente! Qualquer lugar. Qualquer horário", diz o texto, acompanhado de um número de WhatsApp.
Nesta terça, o Atlético Mineiro era a única equipe com número significativo de torcedores em trânsito. A outra partida da noite no Campeonato Brasileiro tem como visitante o Cuiabá, de poucos apoiadores. O cenário, no entanto, indica ações semelhantes na quarta-feira (2), com mais jogos da competição.
O Coritiba, por exemplo, que luta contra o rebaixamento, tem duelo importante com o Juventude, em Caxias do Sul. Na publicação em suas redes sociais na qual divulga detalhes da caravana, a uniformizada Império Alviverde passa orientações e dá um aviso: "Sobre as paralisações nas estradas, não serão um problema".
Já o Corinthians, que sempre leva muitos torcedores a suas partidas realizadas no Rio de Janeiro, vai jogar no Maracanã, contra o Flamengo. As caravanas das principais organizadas, Gaviões da Fiel, Camisa 12, Estopim da Fiel e Pavilhão Nove, têm as partidas marcadas para a madrugada de quarta.
Até a publicação deste texto, não havia um comunicado oficial sobre a logística para evitar os bloqueios, mas associados e dirigentes discutiam sobre a atuação. Já existia um consenso de que a programação dos ônibus será mantida. "Sem a Fiel, o Corinthians não joga. Estaremos lá", disse um dos dirigentes.
A situação das estradas também causou problemas à Ferrari. A escuderia italiana foi uma das primeiras a levar seus equipamentos ao autódromo de Interlagos para o GP São Paulo de F1, marcado para o próximo dia 13.
O material chegou por meio do aeroporto de Viracopos, em Campinas, e ficou retido na rodovia Santos Dumont. Depois, escoltados por carros da Polícia Militar, os caminhões com os contêineres da equipe chegaram ao palco da corrida da semana que vem.
Estradas de todo o país têm sido bloqueadas desde segunda-feira (31), em reação ao resultado da eleição presidencial, com vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro. Apoiadores do atual presidente, derrotado, muitos deles caminhoneiros, organizaram barreiras em estradas em várias regiões, pedindo um golpe.
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) registrou na segunda, até o fim da noite, mais de 300 pontos com aglomeração em vias de 25 estados e do Distrito Federal. O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que o governo adote "todas as medidas necessárias e suficientes" para desobstruir as rodovias.
Moraes determinou ainda multa e até afastamento e prisão em flagrante do diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, com multa de R$ 100 mil por hora a partir da meia-noite desta terça. Segundo o ministro, tem havido "omissão e inércia" da PRF. Ele estabeleceu também uma multa de R$ 100 mil por hora aos proprietários dos caminhões utilizados nas obstruções.
Já a PRF diz estar "trabalhando incansavelmente para resolver a questão, embora haja muitos vídeos de seus agentes tratando em tom cordial e amistoso com os manifestantes. Calado desde a derrota de domingo (30), Jair Bolsonaro não se manifestou sobre a situação até a publicação deste texto, embora um pronunciamento seja aguardado para a tarde desta terça.
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