SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) informou nesta quinta (3) ter recebido uma carta com ameaças de cunho nazista e assinada com as iniciais "SS", que é uma alusão a uma organização paramilitar ligada ao partido nazista. Nela, pessoas LGBTQIA+, gordas e negras são insultadas e ameaçadas de morte. É o segundo caso registrado em duas semanas.

A carta ainda diz que a polícia não os "intimida". "Iremos limpar a universidade e fazer um mundo melhor para os nossos filhos e netos. Mulheres gordas nem para serem estupradas servem. Mulher preta nem para carregar filho serve. Lugar de preto é trabalhando na roça, não em faculdade. Mulher em casa cuidando e esperando o marido", diz um trecho da carta, compartilhada nas redes sociais.

Além disso, é dito que o presidente Jair Bolsonaro (PL) "vai ganhar novamente e vai ser o fim de vocês nas federais". A carta foi encaminhada para a Polícia Civil, que apura em sigilo a identificação de células neonazistas em Santa Catarina.

A universidade, em comunicado, ainda afirma que encaminha à investigação "todos os casos de nazismo e racismo que ocorrem nas dependências da instituição, uma vez que se tratam de crimes". "Internamente, a Universidade está registrando e mapeando todos esses episódios".

A UFSC não informou como tomou conhecido da carta, mas garantiu que, por enquanto, "todos os episódios criminosos são apócrifos e registrados em locais sem acesso ao monitoramento por câmeras por questões de privacidade, como sanitários". Ainda que não tenha identificado algum suspeito, a UFSC diz que o estudante ou servidor que tiver feito isso, será penalizado.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil para saber detalhes da investigação, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

Outros casos envolvendo a UFSC. Na semana passada, banheiros da universidade foram riscados com frases contra mulheres e judeus. Na ocasião, o banheiro do Centro de Ciências Jurídicas da instituição, em Florianópolis (SC), foi pichado com frases contra mulheres, afirmando que elas deveriam ser "mortas e estupradas".

No último dia 24, quatro integrantes de uma suposta célula neonazista foram presos em dois municípios de Santa Catarina, sendo dois suspeitos da UFSC. A Polícia Civil afirma que a investigação teve início ainda no mês de abril, quando um primeiro membro do grupo foi detido por tráfico de drogas. As informações foram divulgadas pelo "Fantástico", da TV Globo.

Segundo a polícia, os três estudantes universitários e um auxiliar de escritório faziam parte de um grupo monitorado por meses nas redes sociais. No espaço virtual, eles publicavam vídeos e imagens com alusões nazistas e trocavam mensagens racistas e xenófobas. Em uma das publicações, eles falam em alemão, mostram uma bandeira nazista e disparam tiros.


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