SÃO PAULO, SP (UOL - FOLHAPRESS) - De aroma e sabor marcantes, o café faz parte da nossa rotina, sendo impossível resistir a uma xícara, ou muitas, ao longo do dia. Com propriedades estimulantes da cafeína ?que também é encontrada em chás, refrigerantes, guaranás, chocolates, além dos energéticos e de alguns suplementos?, o café é muito usado para manter a energia e os estados de atenção.
É uma bebida funcional que, se for consumida com moderação, logo após o preparo e não adoçada, traz benefícios para a maioria das pessoas, de acordo com Marcella Garcez, médica nutróloga e diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).
O problema está no excesso, ou seja, quando o volume ingerido ultrapassa as recomendações diárias, em torno de 1 a 4 xícaras. "A dose máxima de cafeína para uma pessoa adulta, que não tenha sensibilidade, é de 400 mg ao dia, sendo que uma xícara de café pode ter entre 25 a 150 mg do estimulante, dependendo do tipo de café e do tamanho do recipiente", esclarece Garcez.
"O organismo pode ainda desenvolver a adição, ou seja, o vício na substância, que exige doses maiores para promover o mesmo efeito", afirma Marcos Eugênio Ramalho Bezerra, médico neurologista do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Pernambuco), ligado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
Nas pessoas que possuem diagnóstico de enxaqueca ?disfunção neurológica crônica e genética, cuja dor caracteriza-se por ser pulsátil, unilateral, intensa e, na maioria das vezes, acompanhada de náusea, vômitos, intolerância à luz e barulho?, a substância é um gatilho importante, que poderia, se não eliminar, reduzir a frequência de crises, nas palavras de Marcelo Marinho de Figueiredo, médico neurologista e professor de neurologia da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
Sendo assim, é preciso controlar o consumo ao longo do dia para não superar o nível máximo tolerado. Crianças e gestantes são mais sensíveis, algumas pessoas têm contraindicação e outras devido à sensibilidade devem restringir o uso.
É fácil identificar quando a dor de cabeça é provocada pela cafeína?
Para a médica nutróloga da Abran, sim. "A identificação é feita por uma relação bem estabelecida de causa e efeito. Porém, as características assemelham-se a uma dor enxaquecosa, pulsátil, unilateral, com foto e fonofobia, por exemplo", comenta Aline Borges Juliano, coordenadora do serviço de neurologia do UDI Hospital Rede D'Or em São Luís (MA).
Outro tipo de cefaleia ocorre justamente ao se suspender a ingestão da substância, como explica o médico neurologista do HC-UFPE. Chamada de cefaleia por privação de cafeína, ela está descrita na Classificação Internacional de Cefaleias ?em inglês, International Classification of Headache Disorders?, que lista mais de 100 tipos de dores de cabeça, em estudo realizado pela IHS (International Headache Society), com sede em Londres.
A orientação é para que a redução seja realizada de maneira gradual, usando como estratégia a substituição da bebida por outras que também podem conter cafeína, mas em concentrações bem menores, como chás ou chocolate.
Mesmo sendo gatilho para enxaquecas e estar associada a cefaleias pelo excesso ou pela abstinência, a presença da substância na composição de algumas medicações deve-se ao fato de que a dose controlada potencializa o efeito analgésico.
"Uma dor de cabeça que não melhorou ao tomar um analgésico, como dipirona, tem mais chances de melhorar se na próxima ocasião for tomado outro combinado à cafeína", exemplifica o professor de neurologia da UFRN.
Além disso, a necessidade de outros analgésicos é reduzida em até 40%, segundo a coordenadora do serviço de neurologia do UDI Hospital.
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