RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - A Igreja Católica realizou na manhã deste sábado (10) a cerimônia da beatificação da brasileira Isabel Cristina, assassinada em 1982, aos 20 anos, ao resistir a uma tentativa de estupro. O martírio de Isabel ? ou seja, o testemunho radical de sua fé, de acordo com a religião ? foi reconhecido em outubro de 2020 pelo Papa Francisco, mas a pandemia de Covid-19 impediu uma cerimônia até agora.

O evento no Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena (MG), foi presidido pelo arcebispo emérito de Aparecida (SP), Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis e reuniu cerca de 10 mil fiéis. O irmão de Isabel, Paulo Roberto Mrad Campos, também esteve presente e junto da esposa e das filhas levou a relíquia ? um símbolo referente à beata ? até o altar.

Foi Paulo Roberto, de acordo com as notícias da época, quem encontrou a irmã morta, esfaqueada na região da virilha e nas costas.

Em sua homilia, ou discurso, o cardeal afirmou:

O martírio de Isabel Cristina nos leva também a pedir a Deus a graça de que as mulheres sejam respeitadas em sua dignidade; que cessem a exploração e os crimes sexuais contra as mulheres; que cesse o feminicídio! Não tenhamos medo de romper as cadeias da violência e da opressão.", disse o Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis.

Quem era Isabel Cristina?

Aos 20 anos, Isabel foi morar em Juiz de Fora (MG) para fazer um curso pré-vestibular com objetivo de cursar Medicina. O ataque foi feito pelo montador dos móveis do apartamento em que ela morava havia menos de um mês com o irmão, segundo apurou Universa.

Isabel morreu com um terço em forma de anel em um dos dedos, e esse detalhe consta na sua imagem beatificada, bem como lírios ? que representam pureza.

A documentação para sustentar o pedido de beatificação foi juntada durante oito anos, entre 2001, ano da aprovação da abertura do processo por Roma, e 2009, na chamada fase diocesana. Mais de 60 pessoas foram ouvidas.

O reconhecimento pelo Vaticano para tornar Isabel Cristina beata se deu não só pelo sofrimento, tentando se defender dos golpes de faca, mas também pela vida que levou, sempre defendendo valores pregados pelo catolicismo, como a castidade e a ajuda aos mais pobres.

"Quando o papa reconhece o martírio, reconhece não só pelo fato dela se defender, mas a motivação que fez com que ela lutasse contra a violência", esclarece o monsenhor Danival Milagres Coelho, coordenador-geral da celebração de beatificação.


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