SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A pílula contra Covid da Pfizer, Paxlovid, apresentou eficácia de 44% contra hospitalização e morte em pessoas vacinadas com 50 anos ou mais, diz estudo feito nos Estados Unidos.

O tratamento também apresentou proteção semelhante frente à internação e morte causada pela variante ômicron do coronavírus.

Os resultados foram publicados nesta segunda (12) na revista científica Annals of Internal Medicine.

Dados de eficácia da droga, que é uma combinação dos medicamentos nirmaltrevir e ritonavir, divulgados pela farmacêutica apontaram uma redução de 89% de hospitalizações e mortes, mas esses números foram relacionados a indivíduos não vacinados e com alto risco.

O período de estudo da farmacêutica ocorreu antes da chegada da ômicron e suas subvariantes, o que também levou a questionamentos por parte da comunidade científica sobre sua ação contra essas formas do vírus mais recentes.

No novo estudo, pesquisadores usaram dados de pacientes com diagnóstico positivo de Covid de 1° de janeiro a 17 de julho de 2022 da rede Mass General Brigham, que inclui hospitais do estado de Massachusetts, como o Hospital Brigham para Mulheres e o Hospital Geral de Massachusetts, em Boston. Foram analisados quase 45 mil indivíduos com 50 anos ou mais e não hospitalizados.

O período do estudo incluiu a circulação das variantes BA.1, BA.2, BA.5 e suas sublinhagens da ômicron.

Quase um terço deles (28%, ou 12.451) recebeu o tratamento com Paxlovid, enquanto 72% (32.010) não foram tratados e serviram como grupo controle. A taxa de hospitalização no período do estudo foi baixa, de 1%. O risco relativo de hospitalização do grupo tratado foi de 0,55% (69 indivíduos), enquanto no grupo controle foi de 0,97% (310).

Assim, os pesquisadores concluíram que o tratamento com Paxlovid teve uma eficácia de 44% de proteção contra hospitalização por Covid. Em alguns grupos, como aquele dos indivíduos com esquema de vacinação incompleto (sem a dose de reforço), a eficácia contra internação e óbito chegou a 81%.

De acordo com os autores do estudo, a redução de 81% de hospitalização nos indivíduos sem o esquema vacinal completo é semelhante à eficácia encontrada no ensaio clínico da Pfizer. Segundo os autores, a menor taxa de hospitalização no estudo conduzido na rede Mass General Brigham se deve ao contexto pandêmico, de menor gravidade e de maior proporção de indivíduos completamente vacinados.

Ainda de acordo com os pesquisadores, há algumas variáveis que podem ser investigadas em estudos futuros, como a diferença de prescrição para pacientes brancos em relação aos negros e de etnias latinas --outros estudos já indicaram que pacientes negros tendem a receber menos indicação de tratamentos eficazes.

O alto custo do tratamento também pode ser um fator limitante --o ciclo completo indicado pela farmacêutica abrange duas pílulas diárias ao longo de cinco dias. Segundo informações divulgadas pela Reuters em fevereiro, cada tratamento Paxlovid custou ao governo americano cerca de US$ 530 (cerca de R$ 2.800).

Um dos pontos fortes do estudo, porém, foi a indicação de que a proteção de Paxlovid era maior quanto mais tempo desde a última vacina contra Covid que aquele paciente recebeu (20 semanas ou mais). Isso indica que, em pessoas que estão desatualizadas quanto ao reforço, a droga da Pfizer pode ajudar a reduzir o risco de hospitalização e óbito.

Por fim, os autores concluem que a pesquisa fornece mais evidências a favor do uso de Paxlovid em um contexto de saúde pública, em que devem ser consideradas ainda outras medidas de proteção, incluindo a vacinação. Ainda, a redução de cerca de 40% de hospitalização e até 70% contra morte indica um benefício evidente da droga como tratamento para a Covid.


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