SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dados de um estudo de fase 3 apontam que uma vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan teve eficácia de 79% para prevenção da doença após dois anos da aplicação. Durante a análise, não foram registrados quadros graves de infecção nos participantes.

As informações ainda são preliminares -ainda precisa ser concluído o acompanhamento de cinco anos a partir da vacinação, o que só deve acontecer em 2024.

Somente depois disso, o instituto irá submeter o fármaco para análise da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a quem cabe aprovar ou não o imunizante.

A vacina é de dose única e usa quatro cepas virais atenuadas em sua constituição. Chamada de Butantan-DV, ela é uma versão análoga da desenvolvida pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA. A farmacêutica MSD também faz parte do projeto de desenvolvimento do imunizante.

A pesquisa que avalia os dados de eficácia da vacina teve início em 2016. No total, foram mais de 16 mil voluntários com idade entre 2 e 59 anos no levantamento, sendo que cerca de 10 mil receberam o imunizante e o resto compôs o grupo placebo.

Entre todos os participantes, alguns já tinham sido infectados pelo vírus que causa a dengue e é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Outros ainda estavam incólumes a doença.

Com essa divisão, o Butantan conseguiu medir a eficácia geral de 79% da vacina, mas também as diferenças vistas nos dois grupos. Naqueles com histórico para dengue, a eficácia foi de cerca de 89%. Já para a outra parcela de participantes sem registro da doença, a proteção conferida pelo imunizante foi menor -73%.

Outra particularidade observada na pesquisa foi para os sorotipos do vírus. A vacina é produzida por quatro cepas do patógeno, chamados de DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.

Segundo o Butantan, os sorotipos 3 e 4 não tiveram circulação ampla no Brasil durante o período de análise. Sendo assim, não foi possível concluir a eficácia da vacina especificamente para as duas cepas.

No caso do DENV-1 e DENV-2, o levantamento concluiu que a vacina teve uma eficácia geral de 89% para o primeiro e de 69% para o segundo.

Além das informações de eficácia, a segurança do imunizante também foi medida. O Butantan observou que, no grupo de voluntários que foram imunizados, menos de 0,1% tiveram relatos de eventos adversos graves com alguma relação a vacina.

Situação no Brasil Segundo dados do Ministério da Saúde, a dengue já causou mais de 1.400.100 casos prováveis no Brasil até 3 de dezembro deste ano. O número representa um aumento de 172% comparado com as informações do ano passado. Já em relação a 2019, ano pré-pandêmico, ocorreu uma redução nos casos de 7,7%.

No total, foram 1.414 registros de casos graves este ano, com 978 mortes.


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