SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania disse ver com preocupação uma declaração do secretário de segurança de São Paulo, o PM da reserva Guilherme Muraro Derrite, sobre mudanças no programa de câmeras em fardas de agentes em São Paulo.
"Recebemos com preocupação a declaração do Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Muraro Derrite, acerca da revisão do programa de câmeras corporais da Polícia Militar, 'Olho vivo'", afirma a pasta, em nota publicada nesta quinta (5).
"O sucesso dessa política demonstrado pela ciência faz com que ela não apenas tenha que ser reforçada e ampliada nas regiões em que é aplicada, mas também que seja estendida a todas as unidades da federação."
Derrite disse na quarta (4), em sua primeira entrevista como secretário, que a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai rever o programa de câmeras corporais da Policia Militar, o Olho Vivo.
A declaração foi dada em entrevista à rádio Cruzeiro, de Sorocaba (SP), terra natal do secretário. "Nós vamos rever o programa. O que existe de bom vai permanecer. Aquilo que não está sendo bom e que pode ser comprovado cientificamente que não é bom, por isso a importância de analisar esse estudo da Fundação Getulio Vargas, a gente vai propor ao governador possíveis alterações", afirmou Capitão Derrite, como é conhecido, que foi oficial da Rota (tropa de elite da PM).
O Olho Vivo, implementado pela PM paulista em 2020, é considerado por especialistas como um dos principais avanço da corporação na política de redução da letalidade policial. Nos batalhões integrantes do programa, com câmeras que gravam todo o turno de serviço, as quedas de mortes em confrontos chegaram a 85% já nos primeiros meses de uso.
Durante a corrida eleitoral, Tarcísio anunciou o interesse em acabar com o programa. Após uma série de críticas, até pela redução da mortes de civis e de policiais, o bolsonarista acabou amenizando o discurso, dizendo que iria estudar mudanças, mas sem desistir da ideia
Ainda na entrevista, Derrite disse querer tornar a tecnologia "mais operacional", até com análise placas de veículos roubados, mas não deu detalhes. "Agora, se de fato, a gente chegar à conclusão de que um ou outro aspecto está atrapalhando, que não está sendo positivo, a gente pode rever o programa sim."
O ministério diz esperar que mudanças no programa sejam baseadas em evidências e tenham como objetivo o respeito e a proteção do direito à vida.
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