GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) - A Polícia Civil de Goiás investiga uma camareira de 26 anos suspeita de fingir ter leucemia e aplicar golpes contra colegas de trabalho em uma pousada, em Pirenópolis (123 km de Goiânia).

De acordo com a investigação, Débora Barros dos Santos recebeu ao menos R$ 12 mil em doações para custear o suposto tratamento.

No total, 20 pessoas foram à delegacia e afirmaram ter sido vítimas da mulher. De acordo com a polícia, o pai da camareira disse por telefone que ela vai prestar depoimento quanto for chamada para depor

A suspeita ainda não havia constituído advogado até esta quinta-feira (5). A reportagem tentou ouvir por telefone o pai dela, sem sucesso.

Débora viajou para sua cidade natal, no Maranhão, logo após receber alta do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira, em Goiânia, no qual ficou dois dias internada.

Ela deu entrada na unidade de saúde em 26 de dezembro, na mesma data em que a polícia instaurou inquérito.

Em nota, o hospital informou que, durante a internação, foi "diagnosticado efeito tóxico de base (alcalis) cáusticas(os) e/ou substâncias semelhantes". O delegado disse que ela ingeriu soda cáustica para conseguir a internação.

Antes da investigação, segundo o delegado, a suspeita teria dito a colegas da pousada que estava em tratamento no Hospital do Câncer Araújo Jorge, também na capital goiana. Com isso, ainda de acordo com a polícia, a mulher sensibilizava as pessoas a doarem dinheiro para ajudar a custear o tratamento.

A unidade de saúde informou, em nota, que a jovem não é paciente e que não há registro dela no sistema.

A Polícia Civil em Pirenópolis iniciou as investigações depois de o caso ser denunciado por um grupo de funcionários de uma pousada. A mulher trabalhava no local havia cinco anos.

Em depoimento, as vítimas afirmaram que o caso começou em setembro, quando Débora disse no trabalho que havia recebido diagnóstico de leucemia e que tinha começado um tratamento muito caro.

"Todo mundo conhece essa doença e ficou sensibilizado com ela, e o pessoal ofereceu ajuda financeira para ela custear esse tratamento", afirmou Cardoso.

Ao longo dos meses seguintes, segundo a investigação, a camareira passou a faltar ao serviço em alguns dias para fazer as sessões de tratamento.

Segundo o delegado, nos dias de ausência dela no trabalho, as supostas vítimas recebiam mensagens de outro número de telefone, dizendo que a camareira precisava de mais dinheiro para comprar medicamentos.

"Débora sempre dizia que estava fazendo tratamento no hospital com a ajuda de uma amiga. Essa suposta amiga ninguém a conhece nem chegou a vê-la. O pessoal só recebia mensagem de celular pelo WhatsApp de um número que era atribuído a essa amiga quando Débora, em tese, estaria fazendo o tratamento no hospital", contou o delegado.

Em determinado dia, os colegas de trabalho receberam mensagem por telefone dizendo que a camareira precisava de medicamento no valor de R$ 4.500 mil.

"O pessoal acabava fazendo vaquinhas e custeando esse tratamento para ela, transferindo esse dinheiro para a conta dela", afirmou o delegado.

Uma das vítimas disse que começou a desconfiar porque Débora não apresentava atestados e passou a mostrar fotos de sangue.

Ao ver uma das imagens, segundo a investigação, os colegas de trabalho desconfiaram da cor do sangue e, por isso, também passaram a cobrar prontuário médico.

Diante da resistência da camareira para não entregar as provas do tratamento solicitadas pela pousada, a própria equipe de trabalho ligou no Hospital Araújo Jorge e recebeu a confirmação de que Débora nunca havia sido paciente da unidade de saúde.

A polícia solicitou mais informações para os hospitais para concluir as investigações. O delegado também vai ouvir mais testemunhas, já que a pousada, segundo ele, tem cerca de 100 funcionários.

Caso sejam confirmadas as suspeitas, Débora poderá responder pelo crime de estelionato e, se ficar caracterizada a participação de terceiros, também pelo crime de associação criminosa.


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