SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O delegado Roberto Monteiro, idealizador da operação realizada na cracolândia do centro de São Paulo desde junho de 2021, está de saída da função.
O policial afirmou à Folha que deixa o comando da Seccional Centro com a sensação de dever cumprido. A mudança deve ser oficializada na edição do Diário Oficial deste sábado (7).
Para ele, a mudança é algo normal quando uma nova gestão assume. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) já indicou o vice-governador Felicio Ramuth (PSD) como coordenador de projeto específico na região.
O delegado permaneceu 4 de seus 37 anos de carreira na corporação à frente da seccional.
Durante a gestão de Monteiro, houve a dispersão de usuários de drogas que estavam na praça Princesa Isabel. A ação, em conjunto com a prefeitura, ocorreu em maio do ano passado.
Atualmente, os dependentes químicos estão em diversas vias da região central, entre as quais as ruas dos Gusmões, Vitória e Conselheiro Nebias.
"Nós demos início a um processo que é longo. Nós temos bons resultados até agora", disse Monteiro.
A Operação Caronte resultou na prisão de 196 pessoas, entre as quais algumas apontadas como traficantes de drogas e líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital). Cerca de mil pessoas assinaram termos circunstanciados pelo uso de drogas em via pública.
Monteiro não soube dizer nem quem assumirá seu lugar nem para qual cargo será designado.
Procurado pela reportagem, o secretário-executivo de Segurança Pública, Osvaldo Nico Gonçalves, afirmou que o novo nome está em tratativas.
Moradores e comerciantes da região central chegaram a criar um abaixo-assinado pedindo a permanência do delegado. Ele seria encaminhado no início deste ano para a gestão Tarcísio.
Reportagem publicada pela Folha em dezembro mostrou que os registros de roubo em parte da região central de São Paulo dispararam em 2022 e atingiram um recorde, superando inclusive os números de 2019, pré-pandemia de Covid.
Dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública) indicam que o 77° DP (Santa Cecília), que abrange boa parte da região conhecida como cracolândia, acumulou, de janeiro a outubro, seus maiores números de roubo e furto desde 2002, quando teve início a série histórica.
A delegacia, que fica na alameda Glete e até pouco tempo era vizinha de uma concentração de usuários da rua Helvétia, apresentou aumento de 16% na quantidade de roubos e de 27% na de furtos, também comparado o saldo dos dez meses deste ano com o de 2019.
À época, Roberto Monteiro afirmou que os casos não estavam relacionados à dispersão dos usuários de drogas pela cidade.
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