SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), pôs a GCM (Guarda Civil Metropolitana) em alerta após a invasão ao Congresso Nacional, ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao Palácio do Planalto, em Brasília, na tarde deste domingo (8), por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que não aceitam a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Fui até a prefeitura e orientei a secretária Elza [Paulina de Souza, titular da Secretaria da Segurança Urbana] para colocar todos em alerta", afirmou Nunes, em entrevista à Folha de S.Paulo.

O prefeito disse que também pediu ao comandante da GCM, o inspetor superintendente Agapito Marques, que esteja à frente da situação e que ele seja informado de todos os cenários.

Nunes afirmou que na tarde deste domingo foi junto com GCMs e com a Polícia Militar até a avenida 23 de Maio, que chegou a ser bloqueada por bolsonaristas.

Os manifestantes tomaram a avenida pouco antes das 15h30 e ficaram ali por cerca de uma hora e meia. Diversos pontos foram bloqueados, segundo o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar).

Por volta das 17h, eles deixavam o local e caminhavam em direção à avenida Sargento Mário Kozel Filho, onde fica o quartel do Comando da 2ª Região Militar e a Assembleia Legislativa.

Nunes criticou os ataques em Brasília em uma publicação no Twitter. "As invasões aos prédios das Instituições devem ser repudiadas. Nada justifica brutal ação, que afronta a Democracia. Precisamos pacificar, respeitar manifestações desde que não ultrapassem o limite constitucional", escreveu.

Na noite deste sábado (7), um bolsonarista ficou gravemente ferido, segundo a polícia, após a explosão do pneu de uma carreta que tentava passar por um grupo de manifestantes que bloqueavam a avenida Embaixador Macedo Soares, no anel viário do Cebolão, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital.

Segundo disse o motorista do caminhão, de 53 anos, à polícia, um dos manifestantes tentou cortar com canivete um dos pneus da carreta bitrem e, por isso, provocou a explosão.

O bolsonarista, de 27 anos, foi levado em estado grave no Hospital Universitário, que não forneceu informações sobre seu estado de saúde.

Em nota sobre o caso no Cebolão, a Secretaria da Segurança Pública disse que o direito à livre manifestação não pode ser utilizado para cometer ações criminosas ou atos de vandalismo.

"Tais condutas não serão toleradas e os responsáveis punidos com o rigor da lei. As forças de segurança de São Paulo seguirão atuando para garantir as leis e os direitos de todos", afirmou trecho da nota.

O caso foi registrado como dano e explosão e será investigado pelo 91º Distrito Policial (Ceasa).

Questionada se também vai reforçar o alerta à PM no estado de São Paulo ou na capital, a pasta não respondeu até a publicação desta reportagem.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro no governo de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que as "manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência".

A manifestação foi feita pelo governador no Twitter. "Para que o Brasil possa caminhar, o debate deve ser o de ideias e a oposição deve ser responsável, apontando direções. Manifestações perdem a legitimidade e a razão a partir do momento em que há violência, depredação ou cerceamento de direitos. Não admitiremos isso em São Paulo", disse.

Os ex-governadores João Doria (sem partido) e Rodrigo Garcia (PSDB) também publicaram notas contra os atos terroristas.

"Não só lamentável, mas condenável que uma minoria radical ameace às instituições democráticas de nosso país, invadindo e depredando prédios que simbolizam a nossa democracia", escreveu Garcia, no Twitter.

"Inaceitáveis os atos terroristas em Brasília, com invasões às sedes dos três poderes da República. Ruptura patrocinada e financiada por extremistas bolsonaristas. São criminosos. A desordem expõe o Brasil e sua fragilidade institucional", postou Doria.

A Federação Nacional dos Prefeitos classificou como gravíssimo o que está acontecendo em Brasília. "Nós, prefeitas e prefeitos não compactuamos com atos de terrorismo golpista. A democracia está sendo atacada e os responsáveis precisam ser identificados e punidos", escreveu a entidade, também no Twitter.


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