SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Um detento de 22 anos denunciou ter sido vítima de estupro dentro da Penitenciária Deputado Expedito de Faria Tavares, em Patrocínio (MG). No mesmo dia do crime, a mãe e a avó do homem receberam cartas escritas por ele duas semanas antes, pedindo por ajuda e que elas fossem visitá-lo por uma "questão de vida ou morte".
De acordo com os registros da Polícia Civil e da administração da unidade prisional, o rapaz alega que o crime foi cometido por um colega de cela enquanto ele dormia, na madrugada de 2 de janeiro. Os dois homens acabaram se envolvendo numa briga pela manhã e foram submetidos a um período de 10 dias de isolamento, motivo pelo qual nem advogado nem familiares tiveram contato com o rapaz até o momento.
Segundo informações obtidas pelo advogado do denunciante, Erick Couto, o colega de cela teria admitido a agressão a policiais penitenciários. No dia da ocorrência, segundo o defensor, o rapaz acordou sentindo dores, mas sem saber o que havia acontecido e, após supostamente confrontar o suspeito, teria recebido a confirmação do abuso enquanto dormia.
Couto diz que a avó dele ficou preocupada com o tom depressivo do texto e buscou colaboração com familiares de um outro detento. Ela foi informada de que o neto estaria sendo ameaçado dentro da cadeia, procurou ajuda de um advogado para obter informações e soube do crime. A família vive em Unaí, a 355 km da penitenciária.
O rapaz cumpre pena por um roubo em Patos de Minas (MG) e foi transferido há oito meses para o presídio de Patrocínio após participar de um motim na APAC, onde tinha acesso a atividades para facilitar a ressocialização de detentos que foram agraciados por bom comportamento. Segundo a família, ele fazendo uso de remédios controlados para dormir, o que o faria passar até dois dias seguidos na cama. Por isso, a defesa pede que o caso seja investigado como estupro de vulnerável e culpa a administração da unidade prisional (e o estado) pelo ocorrido.
Em nota à reportagem, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) confirmou que o preso denunciou o caso aos policiais penais do presídio na manhã de segunda-feira (2), após os agentes separarem a briga entre os dois.
"O detento (suposta vítima) passou pela equipe de saúde da unidade e foi levado para a delegacia de Polícia Civil, responsável pelas investigações criminais. A unidade aguarda o resultado do laudo da perícia médica. Os dois encontram-se em celas separadas. A direção da unidade abriu um procedimento interno para apurar as circunstâncias do ocorrido. A unidade está controlada e segue sua rotina", diz comunicado da instituição.
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